por Redação
Trip #133

Por que Romário teve que dizer adeus à sua primeira chance de conquistar o mundo vinte anos atrás

Hoje, Romário está com as chuteiras quase penduradas. Mas há vinte anos teve que dizer adeus ao campo em sua primeira grande chance de conquistar o mundo.

Motivo: xixi na cabeça de prostitutas de Copacabana.

O holandês Johan Cruyff, ex-técnico do Barcelona, dizia que ele era o "gênio da grande área". Ali pouca gente dribla como ele. Pois vejam vocês, o grande nome do futebol brasileiro dos últimos 20 anos está se despedindo dos gramados. Além da enxurrada de gols, Romário deixa um bocado de histórias. Algumas conhecidas, outras não. Uma bem esquisita aconteceu em 1985, às vésperas do Campeonato Mundial de Juniores, realizado na União Soviética.

O Baixinho estava começando a carreira. Com 18 anos, acabara de ser promovido ao time principal do Vasco quando recebeu a convocação para a Seleção Brasileira Sub-20. Era a estrela do time. De cara, ganhou seu primeiro torneio internacional, o Campeonato Sul-Americano, no Paraguai. Para variar, jogou sozinho num time de jogadores medíocres. O único que prestava daquela equipe era um goleiro chamado Cláudio, que jogava no Internacional de Porto Alegre e que, algum tempo depois, engoliu um frango tão patético que resolveu adotar seu sobrenome: Taffarel.

O técnico campeão do Sul-Americano, Jair Pereira, havia sido demitido e no mundial a equipe seria comandada por Gilson Nunes, que também começava sua carreira já esbanjando a intransigência de um disciplinador. Havia treino todo dia e a concentração era permanente. Os jogadores, enclausurados em um hotel de Copacabana, já estavam de saco cheio.

O quarto de Romário dava para a Avenida Atlântica. Sem nada melhor para fazer, o atacante resolveu assustar algumas garotas de programa que batiam ponto no calçadão, jogando saquinhos com água para molhar as moças lá embaixo. Lá pelas tantas, elas rodaram a baiana e armaram um barraco, dando queixa ao gerente do hotel, jurando de pés juntos que alguém estava tacando xixi de alguma janela do hotel.

Romário sempre negou ser autor da brincadeira. Ainda assim, Gilson Nunes foi implacável e cortou o artilheiro da seleção. No dia seguinte, avisou o comando da CBF e convocou outro atacante, um juvenil do São Paulo chamado Muller. Cortar a estrela do time era arriscado, mas para a sorte dele o Brasil foi campeão. Muller foi artilheiro e destaque da competição, aparecendo ali pela primeira vez para o futebol e inaugurando uma rivalidade com Romário que ficaria evidente nas Copas de 90 e 94. Até hoje Romário e Gilson Nunes não se bicam. O campeonato mundial sub-20 é o único título que o Baixinho não tem.

Gilson Meneses, 61, foi a quatro copas do mundo, é jornalista e joga nas onze.

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