por Redação

Pobre leitora felina: eis o destino da cadeia alimentar

Eu detesto os cachorros. Não sei como alguém pode ter um cão como bicho de estimação se o animal não provoca estima alguma. Babam demais, entusiasmam-se demais, latem demais. Soltam pêlos. Abanammais o rabo do que dançarina de axé. Fedem. Quando tomam e quando não tomam banho. São submissos. Os que dão sorte,vêm ao mundo sem personalidade. O restante,grande maioria azarada, herda o caráter (ou a falta dele) do dono. Viram luluzinhas, de fita no cabelo e coleira rosa, contribuindo para a má fama dos veados. Ou viram orelha de salsicha. Como os pit-donos: latem e não mordem. Aqui na rua, a densidade demográfica dos totós que insistem em me tirar da minha eterna preguiça e soneca é maior do que a de pessoas. Na luta de classes pelo domínio do espaço, a faixa de Gaza deve ser o capacho de entrada da minha casa. Sim, porque cão que faz xixi no poste é coisa de desenho animado. Na vida real eles fazem no tapete de casa mesmo. Por isso detesto toda a raça sem medo de estar sendo politicamente incorreto. Mesmo porque, sendo eu um gato, tenho que aturá-los, babando e arfando, bem atrás de mim, naquilo que chamam de cadeia alimentar.
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