por Redação

Cantor pernambucano volta ao Trip FM: ”Eu sempre digo que meu caos vai vencer”

Otto é um dos mais inventivos e inovadores músicos brasileiros da atualidade. Descendente de índios, portugueses, mulatos e holandeses, além de sua origem, suas composições são o retrato da cultura brasileira e da sua capacidade de absorver diferentes influências, digeri-las e criar algo totalmente novo, rico e diverso.

Natural de Belo Jardim, no agreste pernambucano, depois de uma passagem de dois anos pela França, onde tocou com músicos do gabarito do trombonista Raul de Souza, ele participou da primeira formação das bandas Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, com quem lançou os álbuns Samba Esquenta Noise, em 1994, e Guentando a Ôia, em 1996.

Seu primeiro disco solo, o Sambra pra Burro, veio em 1998, sucedido pelo Condom Black, de 2001, álbuns que conquistaram o público e arrancaram elogios da crítica. Seu disco de 2003, o Sem Gravidade, teve uma recepção mais fria por parte da crítica e ele passou um período de reclusão, até que em 2009 voltou com tudo com o Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos.

O papo desta semana aqui no Trip FM é com Otto Maximiliano Pereira de Cordeiro Ferreira, mais conhecido simplesmente como Otto, que se preparar para lançar agora em novembro seu mais recente trabalho, o The Moon 1111. Na entrevista, ele falou do disco novo, da sua trajetória na música e das delícias da paternidade.

 

"A compreensão do que eu falo é de cada um. Eu sempre digo que meu caos vai vencer. Eu tenho o caos em mim e sei viver bem com ele"

 

"No último disco eu fiz uma música chamada Filha, onde eu imito o choro da minha pequena quando ela era bebê. E cada vez que eu canto essa música parece que eu vejo o rosto dela olhando pra mim, pra você ver o que é a paternidade pra mim", ele ri, mostrando o seu sempre presente bom humor. "Ser pai é essa coisa que a gente não pode explicar. É ter medo da existência. É um encontro que a gente tem e que faz com que a gente viva mais contente."

Otto aproveitou para rebater os críticos que afirmam constantemente que ele é maluco. Falando de racionalidade e de sua visão de mundo, ele diz que quem o julga louco e pensa que ele está sofre com abuso de drogas não poderia estar mais enganado.

"Eu tenho uma rapidez de pensamento que me faz compreender algumas coisas mais depressa do que a maioria das pessoas. Eu procuro sempre simplificar o que eu estou dizendo, porque quando escuto o que disse parece que já vi aquilo tudo. Então dá a impressão de que eu estou viajando", ele reflete. "Mas eu sou um cara que lê o jornal, que acompanha e fala de política. Eu sou um cidadão. Mas a compreensão do que eu falo é de cada um. Eu sempre digo que meu caos vai vencer. Eu tenho o caos em mim e sei viver bem com ele."

O músico pernambucano também relembrou uma história anedótica inacreditável, do dia em que ele foi confundido com Martin Potter, um dos maiores nomes do surf competitivo em todos os tempos.

"Foi tudo culpa do Carlos Burle, que é um cabra brincalhão", ele gargalha. "Era uma etapa do WCT na França, no primeiro ano em que Kelly Slater foi campeão do mundo. E o Martin saía da água e ia direto pro hotel, sempre. E nesse dia tinha uma delegação enorme de brasileiros lá. Então foi assim. O Burle me viu e começou a dizer que eu era o Martin Potter. De repente todas as crianças francesas tavam me chamando de Martin. Dei até autógrafo lá [risos]."

O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 20h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

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