Girls to the HTML front

por Nyle Ferrari

Em resposta ao machismo no mundo da tecnologia, mulheres criam espaços para ensinar a aprender sobre o assunto

Quando o assunto é games e tecnologia, quantas mulheres no comando de empresas de peso, como Google, Nintendo e Apple, vem à sua cabeça? Se poucas ou nenhuma, não é à toa. A participação feminina vem crescendo, mas a desigualdade de gênero no setor ainda é forte.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a presença de mulheres na área de T.I no Brasil corresponde a apenas 20%. Em 2014, o Google revelou que elas representam somente 30% dos colaboradores. 

Para ajudar a mudar esse cenário, organizações sem fins lucrativos como a Girls In Tech contribuem para empoderar e influenciar mulheres da área de tecnologia. No Brasil, o coletivo MariaLab foi criado para reunir interessadas no assunto e dispostas a aprender sobre.

“Os projetos são desenvolvidos de forma horizontal e o grupo é aberto à participação de qualquer mulher, cis ou trans, de qualquer orientação sexual e formação educacional. Não é preciso ter qualquer conhecimento em tecnologia. Basta ter interesse e disponibilidade de colocar a mão na massa.”, afirma Camilla Gomes, uma das integrantes do coletivo.

Camilla reforça a desigualdade de gênero presente nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (resumidas pelo acrônimo “STEM”, em inglês). “As mulheres ainda são pouco estimuladas a conhecer e se aprofundar nessas áreas. Infelizmente, permanece uma visão limitadora sobre o que é a feminilidade e que áreas e comportamentos são compatíveis com a mulher.”, diz. 

Hackerspaces são espaços físicos para reunir pessoas interessadas em computação e tecnologia. Embora muitos sejam receptivos com mulheres, o fato de elas serem minoria as intimida. “Isso, somado à falta de estímulo dada às mulheres na área de STEM, ajuda a explicar a importância de grupos como a MariaLab. Temos necessidade de sermos incluídas, ouvidas e tratadas de maneira legítima, sem preconceito e sem machismo.”, disse à Tpm.

Atualmente, o coletivo atua participando de palestras e fóruns de discussão para abordar assuntos como Cyberativismo Feminista, Revenge Porn e segurança das mulheres na web. Este ano, o MariaLab participou do Fórum Internacional de Software Livre para falar sobre Hackerspaces Feministas e Inclusão Digital feminina.

“Estamos com alguns projetos nossos em mente. Além de ter uma lista de discussão por e-mail com mais de 120 mulheres interessadas, que é onde nossa comunidade realmente interage, em breve lançaremos o nosso fórum.”, diz Camilla.

Apesar de contribuir com importantes realizações, as integrantes sofrem com a falta de recursos e usam dinheiro do próprio bolso para sustentar o projeto. “Temos despesas com o servidor do site e domínio. Também produzimos materiais promocionais pagos do próprio bolso das membras mais envolvidas com a organização.”, confessa.

A ideia do MariaLab é, num futuro próximo, realizar uma campanha de financiamento coletivo para criação de um espaço físico com equipamentos. Por enquanto, aceitam doações através do site

Para evitar a violação da privacidade das mulheres na internet, o coletivo dá algumas dicas. “Crie senhas difíceis e as mude periodicamente. Se o site disponibilizar, use autenticação dupla sempre. Você pode acessar o site Teste de Senha. Não responda a ameaças, provocações ou intimidações e procure a polícia em caso de assédio ou ameaça. Se você viu isso acontecer com outra mulher, tenha sororidade e não compartilhe. Denuncie!”, aconselha. 

Vai lá: Marialab
 
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