Alta competitividade

por Flora Paul

Destaque no softbol americano, Vivian Morimoto, da seleção brasileira, fala sobre o esporte

No começo de junho, Vivian Morimoto foi considerada a terceira melhor rebatedora da Liga Universitária de Softball dos Estados Unidos, indo para o terceiro “time de estrelas” do país. Por aqui, nem a brasileira nem o esporte que pratica são muito conhecidos. “Não tem como pegar o espaço do futebol, do vôlei. A não ser que sejamos a maior potência do esporte no mundo, o que é muito difícil, ainda mais sem divulgação e investimento”, comentou Vivian ao site da Tpm, sobre o hábito brasileiro de só se dar atenção para time que está ganhando.

Treinando a vertente um pouco mais delicada do baseball desde pequena e jogando pela seleção brasileira desde os 15 anos, quando ainda estava na categoria dos juniores, Vivian foi estudar na Miami Dade College para ir atrás do seu sonho – e com bolsa integral, devido ao seu talento. Agora, em julho, Vivian volta ao Brasil e vai com a seleção para a Venezuela, disputar o Campeonato Pan-americano de Softbol Feminino Adulto, pré-seleção para o Pan-americano de 2011. Falamos com ela, por telefone, para saber mais sobre o esporte, como manter uma alimentação de atleta no país do fast-food e o que, afinal, fez com que se apaixonasse por softbol.

Como você começou a jogar softbol?
Meus dois irmãos, um mais velho e um mais novo, jogavam baseball. Comecei a jogar por causa deles. Meus pais sempre os levavam para treinar e viam meninas jogando soft, então me colocaram. Hoje meu irmão mais velho já parou de jogar, mas os dois participaram da seleção brasileira.

Como é treinar um esporte pouco conhecido aqui no Brasil?
No Brasil existem só uns dez times. Nos Estados Unidos, só na minha liga, que é universitária, têm mais de 300 times. Jogo para a seleção desde meus 15 anos, quando ainda era júnior. Ainda que sempre tenha uma lista de convocação, já treinamos em um grupo fechado, às vezes entra alguém, às vezes sai alguém. Acho que com o futebol, o vôlei, a natação, não tem como tirar o lugar deles. A não ser que um dia viremos a maior potência do esporte, o que é muito difícil, ainda mais sem divulgação e investimento, não tem como ser conhecido.

Você se mudou para os Estados Unidos para treinar. Como foi essa mudança?

Eu queria vir pra jogar e a minha técnica sabia disso. Ela e meu técnico aqui são cubanos e se conheciam. Ele precisava de uma menina que jogasse na minha posição e ligou pra ela, pra perguntar se tinha alguém que queria ir jogar fora, aí ela logo me ligou. Foi tudo meio rápido, em uns dois meses eu me mudei! Vim em agosto do ano passado. Nos primeiros meses foi difícil, eu estava com muita saudade de casa, do namorado, do cachorro! Mas depois acostumei. Volto a cada meio ano, no período de férias.

Como é o dia a dia de treinos?
Treino em torno de quatro horas por dia. Quando estou em temporada, acordo bem cedinho, vou pra academia e depois para aula. Estou fazendo o curso de inglês, que é obrigatório para estrangeiros, para depois poder estudar na área que você escolher. Depois, treino, e no fim de semana tem os jogos. Agora, fora de temporada, estudo de manhã, vou para a academia e treino. Malho duas, três vezes por semana, faço musculação, e nos treinos fazemos preparo físico. No fim de semana vou à praia, passeio, vou pra balada.

E dá para manter uma dieta saudável?
Aqui é difícil, ainda mais sem minha mãe [risos]! A gente come muita porcaria, porque quer sempre comer coisa rápida. Como muito macarrão, essas coisas. Mas, como estamos no verão e a maioria das pessoas sai de férias, a faculdade paga nossas refeições, então está dando pra comer melhor, comer salada. Aqui é difícil, por mais que você treine quase o dia todo, sempre engorda! Mas o softbol não é um esporte em que você precise ser magra para jogar, você precisa ter mais força. Como sou rebatedora de potência, meu técnico não exige que eu emagreça. Você precisa ser forte. Mas não tanto!

Por que você acha que se interessou tanto pelo esporte?
Eu não sei. Acho que, quando você faz uma coisa bem, é como se soltasse um hormônio que faz você querer mais. Você vai jogando bem e quer jogar mais. E se você é reconhecido, ganha prêmios, não tem como não gostar. Mas eu não sei o que é, mesmo.

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