O aspirador mais caro do mundo

Tpm

por Redação

Um aparelho de R$ 6 mil que promete acabar com os ácaros da sua casa é a nova mania entre as mulheres bem de vida. Nossa repórter recebeu os representantes do Rainbow em seu cafofo e percebeu que mora em um lugar imundo - e em um país maluco, onde mais de R$ 1 milhão são gastos por mês só com aspiradores turbinados

“Sabia que existe um aspirador de pó que custa R$ 6 mil e um monte de mulher está comprando?” Quem contou a novidade foi a amiga Isabelle Doudou, editora de estilo da Tpm. “Nina, é uma loucura, os vendedores vão nas casas das pessoas e fazem uma demonstração tão convincente que todo mundo compra!”

Isabelle tem razão. Foi só apurar os ouvidos para começar a ouvir notícias de endinheirados que haviam comprado o tal aspirador milionário. Seis mil reais. É sério. “Mas como as pessoas podem gastar tanto dinheiro com um aspirador de pó?” Boa pergunta. E adianto que fui fazer o test drive, que no caso consistiu em receber os vendedores na minha casa, para tentar decifrar esse enigma, mas não consegui. Talvez porque o meu lado comunista nunca vá achar normal pagar essa dinheirama por um aspirador de pó em um país onde as pessoas etc. etc. etc. OK. Pouparei todos de meu surto marxista.



Lar, sujo lar
E vamos explicar as coisas direito. Na verdade, não é um aspirador de pó, é um Rainbow, uma espécie de mistura de vaporizador com aspirador que mostra que a sua casa é suja. Na realidade, imunda.

Os dois demonstradores invadiram minha residência usando ternos, muito chiques. E passaram cerca de uma hora fazendo uma demonstração do produto. A primeira coisa que eu fiz, claro, foi perguntar o preço, já que sou daquelas que olham a etiqueta antes de apreciar o modelo em uma loja. “Isso a gente só diz no final”, disse Luis Parelli, que contou também que existem cerca de 40 vendedores de Rainbow no Brasil, que vendem, no total, cerca de 200 aparelhos por mês. Faça as contas. Sim, R$ 1,2 milhão são gastos em Rainbow por mês no nosso país.



Pra quem tem TOC
“Mas o caro é não ter Rainbow”, mandou o vendedor, durante a demonstração do produto. Ele coloca o aparelho para funcionar no ar e prova que a minha casa é poluída. Moro em São Paulo e já sabia disso, mas ver poeiras voando no seu lar não é das visões mais agradáveis. Depois, passa o aparelho no chão. A casa tinha ACABADO de ser limpa. Era dia de faxina! E a água que fica no suporte do Rainbow (toda a sujeira vai parar nessa água) começou a ficar turva. Depois que o aparelho havia sido passado na parede (!) e, ponto alto, no meu travesseiro, onde eu durmo todas as noites, o tal líquido deixou de ser água e começou a parecer aquilo que existe no rio Tietê.

Aos poucos, fui descobrindo por que as pessoas compram Rainbow. Porque elas realmente se assustam ao ver que suas casas imaculadas, na verdade, são plásticos boiando em cima do Tietê de tão poluídos e sujos.

Só que eu já sabia disso, repito. O mundo não é um lugar limpinho, muito pelo contrário. E por que a minha casa seria? Tá, não sou boa dona de casa, devo contar. Mas a verdade é que achei o Rainbow perfeito para as Monicas Geller da cidade (a personagem com TOC de Friends). Como desse mal eu não sofro, agradeci aos vendedores por deixarem minha casa limpinha por uma noite, retruquei com firmeza a proposta de dividir seis paus em dez vezes e, depois que eles foram embora, abri as janelas para deixar a sujeira entrar de novo.
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