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Viver é coisa para maluco

por Milly Lacombe
Tpm #154

Recém-chegada ao mundo da fama, Maria Eugênia Suconic, a Adotada, conta como foi vencer a síndrome do pânico

Quando teve, com um amigo, a ideia de criar um programa de realidade no qual passaria uma semana na casa de outras famílias vivendo como adotada, a paulistana Maria Eugênia Suconic imaginou que estivesse dando asas a um gosto antigo: o de entrar na intimidade dos outros, conhecer hábitos e costumes, deixar uma semente e levar alguma coisa com ela. O que não poderia antecipar é que o programa fosse dar certo tão rapidamente e muito menos que ajudaria a curar sua crise de pânico, com a qual teve que lutar por quase dez anos.

Adotada vai ao ar pela MTV, está em sua segunda temporada e conta a história de como é viver por sete dias dentro da casa de variadas famílias brasileiras: a do pai homofóbico e filho gay, a da acumuladora, a da tradicional, a de modelos etc. Uma vez lá dentro e sem poder sair, ela precisa conviver com habitantes e, claro, esquecer que sobre ela existem algumas câmeras – de tudo o que ela faz ali, o mais fácil, porque Maria Eugênia não parece mesmo se deixar afetar pelas lentes da TV.

E talvez o segredo do sucesso esteja justamente nessa naturalidade, porque são raras as circunstâncias nas quais o apresentador não se deixa levar pelo fato de estar no ar, e mais raro ainda que ele não trate o telespectador como alguém com deficiência mental ou fale com ele como quem fala com uma criança com dificuldade cognitiva. Maria Eugênia faz parte do pequeno time de profissionais que continuam a ser quem são depois de escutarem o "gravando"; um seleto grupo que tem Fernanda Lima, da Globo, João Carlos Albuquerque, da ESPN, Flavio Gomes, do FoxSports, Milton Leite, do SporTV, entre alguns (poucos) outros.

Inserida na família alheia, ela observa, convive e interfere se o momento pede. Já foi expulsa de uma casa, se fez passar por transexual para ajudar o pai homofóbico a aceitar o filho gay, já se chocou ouvindo modelos contarem que hoje em dia muitas delas comem algodão e esponja para matar a fome e não engordar.

Segundo a emissora, a primeira temporada de Adotada foi vista por mais de
5 milhões de pessoas e ficou entre os cinco programas mais assistidos da MTV, sendo exibido também em Portugal. Entre os jovens de 18 a 24 anos, os episódios da primeira temporada de Adotada teriam aumentado em 411% a audiência do horário.

Suconic, 28 anos, é sucesso de público, mas está aprendendo a lidar com a nova vida, uma que a faz ficar cansada a ponto de não querer mais ir para a balada, coisa que sempre amou e, durante muitos anos, foi ambiente de trabalho: antes da TV foi hostess de casas noturnas e tocou em algumas festas.

Num domingo quente de maio ela se encontrou com a reportagem da Tpm e falou sobre síndrome do pânico, ditadura da beleza, vida familiar, homofobia, o que tem achado do sucesso e sobre a loucura que é se manter vivo e são dentro de uma sociedade cada vez mais adoentada.

"Ainda tenho minhas crises de ansiedade, mas descobri que o pânico está na minha cabeça, sou eu que faço isso comigo"

Você acha que toda família, por mais ordinária que seja, tem alguma coisa de extraordinário? Sim, toda família e todo mundo tem alguma coisa de extraordinário. A pessoa pode ser um bagaço, um lixo, mas alguma coisa ela tem. Só que a própria pessoa tem que estar aberta a descobrir e as que estão de fora têm que estar abertas a enxergar, mas acho que todo mundo tem alguma coisa de especial.

Já chegou em uma casa e de cara detestou alguém? Já aconteceram coisas estranhas, como quando fui expulsa pela dona da casa que de um dia para o outro não gostou do modo como eu me vestia. E essa última casa também foi um pouco complicada.

Por quê? Fui morar com sete meninas modelos. Elas não falavam comigo, elas falavam entre si, mas não falavam comigo. Não conseguia entender, foi muito difícil. Saí dessa casa ontem. Depois, fiquei pensando e comecei a entender o lado delas, de não querer falar. Mas mesmo eu pensando que não queria estar ali, sem saber o que estava fazendo ali, consegui pegar alguma coisa.

Acontece alguma coisa no final? Aconteceu uma coisa que eu não esperava. Você vai ter que ver [risos].

Você disse que faz terapia. Teve tempo de avaliar o que mudou em você depois dessa experiência? Voltei pra terapia agora porque comecei a entrar em parafuso. Não sei se deu tempo de eu perceber o que mudou para mim. O que mudou é que eu saía horrores e hoje tenho vontade de dormir. Acho que tudo isso me deixou mais dentro de casa.

"Fui expulsa pela dona de uma casa que de um dia para o outro não gostou do modo como eu me vestia"

Tem essa coisa da fama, as câmeras estão em você, você sai na rua e as pessoas apontam, mas também tem outro lado e muita gente não gosta de falar, um lado sem glamour nenhum. Adotada foi minha vitória contra o pânico. Eu não conseguia fazer nada que não fosse muito bem planejado, precisava saber qual era o restaurante que íamos, o que eu ia comer, que horas ia voltar. Às vezes minha mãe chegava pra me buscar, numa época que eu morei sozinha, e ela dizia "desce", e eu respondia que não podia descer. "Como assim? Tô com o carro aqui embaixo!", e eu dizia: "Não posso descer, se eu descer vou morrer". Ou entrava em algum lugar e falava: "Preciso ir embora". Então ir pra casa de pessoas que não conheço e fazer coisas que nunca imaginei é minha cura do pânico. Pra mim é foda pra caralho.

E hoje? É óbvio que ainda tenho minhas crises de ansiedade, mas descobri que o pânico está na minha cabeça, sou eu que faço isso comigo. Tive oito anos de pânico. Passei por aquela fase de só controlar com remédio e fazia terapia pra caramba. Não consigo dizer que aprendi a controlar, mas acho que hoje entendo o pânico. Se eu tenho medo de alguma coisa, tenho essa limitação, e respeito. O problema é o ter que "sair correndo". Você tem medo de alguma coisa e fica ali sentado meia hora, vê que não vai morrer, seu pânico vai passar e pronto. Você deu mais um passo. O problema é que eu fiquei por oito anos correndo do que eu tinha medo.

Você estava correndo de você. Exatamente. Se eu não me suporto, quem é que vai me suportar? A gente precisa se suportar, saber o que passa na nossa cabeça. Nenhum médico vai te falar que você está curada. Tem muita gente que fala que síndrome do pânico não tem cura. Eu não sei se tem cura ou não, mas agora me sinto curada. Me sinto livre. Porque era uma forma de me prender, eu me prendia.

A mente consegue nos atormentar. Tem um ditado que diz: a mente é um excelente servo, mas um senhorio terrível. A gente não tem controle da nossa mente. Por isso gosto de ler Osho [1931-1990, autor e filósofo indiano].

Foi na fase do pânico que você passou a ler o Osho? Não, comecei a ler depois. Porque terminei um namoro e fiquei naquela "minha vida acabou". Sou bem dramática. E aí peguei um livro de relacionamento do Osho e sou toda Osho agora. Muita gente fala que ele é louco, mas eu adoro.

"Se a gente não se ama muito, a gente não consegue amar ninguém. E tem muito falso amor por aí"

Ele é louco, e por isso é bom. Eu gosto porque ele é louco. Ele te bota pra pensar, porque você não vai concordar com tudo que ele fala, e nem é pra isso acontecer. Ele coloca umas pegadinhas. Tem um escritor indiano chamado Jiddu Krishnamurti que fala que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a uma sociedade adoentada. Nesse caso a loucura é sã. Isso aí fora é que é loucura, e se você está bem-adaptado a isso é porque enlouqueceu. Acho que a minha maior busca foi ser livre desse meu pânico, e consegui. A gente tem que ser livre. Eu sei que tem muita gente que se sente presa. Não só por pânico ou depressão, até família, qualquer coisa pode te prender. E ser livre é muito gostoso.

Viver não é pra amadores. Viver é pra maluco.

E conseguir romper com o status quo, com essas normas que nos são impostas sobre tudo: corpo, beleza, bem-estar, felicidade 24 horas por dia... Na casa que eu saí agora as meninas falaram que tem um monte de modelo que come algodão.

Oi? Exatamente: "Oi?". Comem algodão porque enche a barriga e não engorda. Acho que a gente está chegando em uma coisa que não sei nem falar o que é. Não sei se é ignorância, se é falta de amor-próprio. Ter um padrão é muito chato. Ser diferente, sem forçar, ter isso dentro de você, de se aceitar bem, é muito importante. Óbvio que tem gente que me fala: "Você diz isso porque é magra". Eu sempre fui magra, não faço dieta.

E não come algodão. Não como algodão, muito obrigada. Me acabo no chocolate, adoro refrigerante e fast-food. É uma merda. Tomo suco verde com 18 pães de queijo e essa é minha vida. Mas é muito chato você viver nesse padrão de você ter que ser magra, ter que ter o cabelo assim, ter que falar de tal jeito.

"No Instagram as vidas são perfeitas. você olha e pensa ‘e eu aqui comendo meu macarrão instantâneo’"

Ou ter que casar e ter a família certa. Não "tem que" nada! Você tem que fazer o que você quer. E tem que querer pensar assim, não tem que forçar. As pes-soas precisam ter amor-próprio. É aquela coisa: se a gente não se ama muito, a gente não consegue amar ninguém. E tem muito falso amor por aí. Esse padrão é uma cagada, as pessoas merecem ser felizes do jeito que elas são.

Algodão me deixou um pouco assustada. Algodão, esponja.

Esponja? Mas como engolem esponja? Comem sei lá como. Até dei um Google depois porque fiquei muito passada. E milhares de meninas fazem isso, elas falaram. Como é que pode?

Tem uma indústria por trás estimulando que se façam coisas assim. Exatamente. Nessa casa eu mal cheguei e já estavam medindo meu quadril. E aí falaram: "Você tem tanto de quadril, tem que perder 2 centímetros". Aí eu falei: "Gente, eu não vou perder porra nenhuma. E eu quero ter 105 de quadril porque quero ser dançarina de axé, não quero ser modelo". É assustador. É um comércio em volta disso, é muita gente. O cara da agência fala isso para uma modelo porque o cliente está atrás disso

E a gente não tem como saber quantas pessoas já não tiveram a vida arruinada por causa disso. Porque é um padrão muito difícil de alcançar. Uma indústria diz "você precisa ser assim" enquanto a outra diz "pode comer esse enlatado à vontade, pode comer açúcar, comer salgadinho: come, bebe, compra, consome". Eu acho que, se a menina quer ser magra porque quer ter o corpo de modelo, o quadril com 83 cm, está feliz com isso e fazendo de uma forma que ela se sente bem, o problema é dela, não vou julgar. Só que eu não sou assim.

Mas comer algodão não dá. Comer algodão é surreal. Tô falando de fazer de uma forma correta, não na loucura, ficar quatro dias sem comer. Pirar e começar a vomitar. Isso é um absurdo.

Elas são vítimas, assim como quem está vendo. São. O sistema tenta impor muita coisa e, se você levar tudo que você quer pra dentro, deixará de ser você. Para comer um algodão, você tem que querer. Você não consegue fazer uma coisa só porque falaram pra você fazer, você faz porque acha legal, pelo menos um pouquinho.

Todas as medições já feitas de felicidade dizem que você não é mais feliz porque é rico, ou porque é magro, ou jovem. Você é mais feliz porque tem relações significativas em sua vida, e isso não tem nada a ver com aparência, com idade, com riqueza. Não, não tem. A gente vive uma falsa felicidade.

"Eu amava ser hostess do São Paulo fashion week. Não ter feito as últimas edições foi um sofrimento"

Felicidade de Instagram. No Instagram as vidas são perfeitas, as comidas são maravilhosas, as pessoas acordam com o cabelo lindo. Nossa, você olha aquilo e pensa "e eu aqui comendo meu macarrão instantâneo". As pessoas gostam dessa fantasia de ver tudo lindo, mas daí frustra mais. Porque o gostar de ver, mas não levar para você, é uma coisa. Mas o "eu preciso comer isso que a blogueira está comendo nesse exato momento" só vai te frustrar.

Ou você está em um dia ruim, mas vê que no Instagram está todo mundo radiante e fica ainda pior e culpada. Porra, você fala "nossa, minha vida é uma merda". É difícil.

Como é sua família? Grande? Não muito. Minha mãe tem vários irmãos e eu morava com meu avô porque assim que eu nasci minha mãe se separou do meu pai, então nunca convivi muito com ele e vivia com a família dela. Com meu avô, que eu chamava de pai, e com minhas tias. Depois, quando eu tinha uns 6 anos, minha mãe foi morar sozinha. E ela trabalhava horrores, então eu me virava com comida no micro-ondas, perua buscava pra eu ir para a natação e tudo mais.

Filha única? Sim.

Então seu núcleo familiar é só você e sua mãe? Sim. Agora somos eu, minha mãe e meu padrasto, mas eu mal fico em casa.

Você ainda mora com ela? Moro.

"O Supla é um lorde. De uma fofura inacreditável e muito educado"

E ela faz o quê? Nossa, ela já fez tanta coisa. Era vendedora, depois trabalhou em um restaurante, depois criou uma marca de camisetas que chamava Banca de Camisetas. Sempre ajudei ela com as criações. E agora ela é a acupunturista.

Você vendia camisetas? Primeiro eu criava as estampas. Depois fiquei de supervisora, mas não dava muito certo. Aí virei vendedora, mas também não dava muito certo. Com 18 anos eu já trabalhava em porta de casa noturna, em balada de hip- hop, em balada gay e às vezes discotecava. Comecei também a fazer produção de moda pra algumas revistas.

Você tem esse lado versátil da sua mãe? Eu gosto de misturar tudo. Fazia tudo isso ao mesmo tempo e achava o máximo, porque cada dia tinha que fazer uma coisa. Mas daí tive que sair da loja porque ela disse: "Você não quer, né?". E realmente eu me sentia meio obrigada.

Onde você estudou? No Objetivo.

Você era boa aluna? Nunca fui, vivia na média. Era aquela coisa: não gostava de estudar o ano inteiro e aí quando falava "Maria Eugênia, precisa passar de ano!" eu ia lá e tirava 10.

Mas era uma infância/juventude com grana contada? Como era? Com sua mãe dando duro? Ela sempre trabalhou muito e eu sempre fui muito mimada, não tinha grana de sobra, mas ela queria me colocar no balé, na natação. Então ela trabalhava 24 horas por dia se necessário para que isso acontecesse.

Você vem de um núcleo familiar não tradicional, só você e sua mãe. Então você vê esses caras falando em Brasília: "Família tem que ser um homem, uma mulher e filhos", e você pensa o quê? Eu acho bizarro. A minha visão de família é muito doida, principalmente depois de fazer o Adotada. Para mim família a gente escolhe. Está sempre do seu lado, não necessariamente te tratando bem, mas te acolhendo. Isso é família. Se é homem com homem, mulher com mulher, mulher com homem, ou só a mulher, ou só você e seu cachorro, é uma família. Então eu não consigo nem entender, é bizarro.

"Nenhuma família é normal e isso é maravilhoso"

Esse encaretamento pelo qual o país está passando te entristece? Olha, eu acho tudo muito burro. As pessoas querem ser tão modernas com algumas coisas, e com outras são tão idiotas. Não dá nem pra falar que é falta de cultura, ou de informação, porque as pessoas conseguem se informar muito bem agora. É só querer. E, mesmo se não quiser, tá na sua cara. Acho uma idiotice, sinceramente. Eu lamento.

Eu vi aquele episódio em que você faz uma liga entre o pai homofóbico e o filho que queria sair do armário. Ali, fica claro pra mim que, do seu jeitinho, você deixou claro que a doença é a homofobia. É, as vezes acho até que peguei pesado [risos]. Mas peguei pesado de propósito, porque é realmente algo que me incomoda. E ficar na casa dele, falar "meu, tô na casa dessa porra desse homofóbico, eu não quero ficar aqui dentro". Desculpa, mas eu não queria.

E por contrato tinha que ficar. Eu tinha que ficar porque tinha que ver o lado dele também. Tudo bem, ele é homofóbico e eu quero pisar nele, mas não posso. Eu tenho que entender, que perguntar por que ele tem aquela visão. Mas tem algumas coisas inexplicáveis, sabe? É amor, são pessoas e que se foda o resto. Ele tinha uma coisa "não tenho problema nenhum com gay, mas meu filho não pode ser". Porra, você é homofóbico, se liga. Foi difícil, mas foi legal. Eu tive que falar que era transexual, dei uma pressionada, mas rolou.

Ele acreditou que você era transexual? Acreditou.

Como é a família dos outros? Nenhuma família é perfeita, não adianta. O programa está dando certo porque as pessoas adoram ver o que acontece na família do outro. Futricar para dizer "minha família é mais normal que essa, aí só tem louco". Só que nenhuma família é normal e isso é maravilhoso.

Como a TV entrou na sua vida? Eu tenho uma segunda mãe, que é videomaker, e ela sempre me filmou. Então, quando dei uma entrevista falando que a TV entrou na minha vida de uma hora para a outra ela veio me falar que não, que ela sempre me filmou e que a TV esteve na minha vida o tempo inteiro. Essa coisa de não ter vergonha na frente das câmeras acho que vem daí, de a TV ter estado na minha vida desde sempre. Eu fui morar com ela quando tinha uns 8 anos.

Uma segunda mãe? Minha mãe e ela são amigas, moravam junto.

Então vocês moravam as três? Sim, por uma época. E ela me filmava muito, minha mãe trabalhava horrores e eu ficava com ela. Ela diz que sempre soube que eu ia trabalhar com isso. Eu nunca imaginei, porque eu queria ser figurinista. A Ruth, essa minha segunda mãe, falava que eu precisava fazer teatro, que seria legal pra soltar o corpo, aí eu fui. Nunca na intenção de fazer tea-tro pra fazer TV. Mas o Supla me falou que ia fazer um programa e queria que eu entrasse. Era pra fazer o Papito in love [que foi ao ar pela MTV]. Como tinha sido namorada dele, ia julgar as meninas [para selecionar uma namorada para ele]. Achei engraçado e fui lá fazer. E rolou super.

Você namorou o Supla? No começo acho que ele não estava querendo muito, e aí depois de um tempo a gente começou a sair. Agora tá uma coisa de dizer que sou "ex", mas a gente nunca teve nada muito assumido. A gente se via todos os dias, jantava junto todos os dias, mas não era um namoro, pelo menos a gente não assumia.

Como ele é? Ele é um lorde. De uma fofura inacreditável, muito educado. E é assim com todo mundo. Ele é uma pessoa muito boa de estar perto, muito agradável.

Você se sentiu bem em frente às câmeras? Não senti nada. Até agora, na verdade, não sinto nada. A impressão que dá é que aquela câmera em você não é nada. Fazer o Adotada é legal porque sou realmente eu. Mas acho que minha ficha ainda não caiu. Quando eu estava na rua e a primeira pessoa me reconheceu, eu quase tive um treco. "Você me conhece da onde? O que está acontecendo?"

Como foi? Foi numa loja de departamentos. Aí uma menina olhou pra mim, "Maria Eugênia, eu te amo!", e eu dei um passo pra trás. Até agora às vezes parece que eu não sei muito bem o que estou fazendo.

O Adotada é um programa que existe fora e adaptaram para cá? Não. O Ernani [Nunes], que é o diretor que trabalhou comigo no Papito in love, cria alguns programas e um dia a gente estava conversando e a ideia nasceu. Eu falei pra ele: "Ah, acho que tenho vontade de morar na casa das pessoas porque eu adoro conhecer a casa das pessoas", criamos o programa, e ele dirige. E faz um ano que a gente namora [risos].

E vocês podem vender a ideia lá pra fora? Sim. Tenho vontade.

E não teve um momento em que você ficou um pouco angustiada com a ideia do programa? Acho que todo mundo ficou um pouco angustiado porque é um programa que não é simples de fazer. A produção é muito grande. Tem que ter uma produção de casting para conhecer a família, para filmar a casa, para a MTV aprovar a família... Então eles têm um trabalho enorme. Em um reality-show não adianta só pegar uma câmera na mão e sair filmando. O Ernani tem cuidado com tudo.

Você recebe críticas pelo programa? Sim. Já me chamaram de "adolescente tardia", umas coisas assim. Mas nada que me doeu. Nunca fui magoada com alguma crítica. Nessa segunda temporada estão mandando: "Você tá uma mistura meio Gugu, meio Luciano Huck, você tá querendo ajudar famílias". Ué, se eu conseguir ajudar uma família é ótimo. Não é todo mundo que tem a capacidade de ajudar o outro, então acho muito legal.

Você se vê casada e com filhos? Não sei, cada hora imagino uma coisa, mas tenho muita vontade de casar e ter filhos. Mas depois penso que não sei. Uma vez fiquei em uma casa em que tive que trocar fralda, daí pensei que não queria ter filhos, não [risos]. Depois penso que adoro criança, e volta a vontade. Então não sei. Hoje eu tenho vontade. Amanhã não sei.

O que você fazia no São Paulo Fashion Week? Era hostess. Fiz por oito anos. Acho que os oito de pânico [risos]. Mas eu amava. Não ter feito as últimas edições foi um sofrimento.

Você falou que mudou e que agora está curtindo ficar mais sozinha. O que é isso? É descansar. Não fazer nada, não falar no telefone, nada.

Mas você é capaz de negar uma festa em um sábado pra ficar sozinha? Não somente sou capaz, como estou negando várias. Nunca imaginei, eu, que sempre fui baladeira, mas estou numa boa. Como e vou dormir às 11 horas. Ou às 10, na hora que me dá sono.

Sua mãe está achando estranhíssimo? Ela deve achar que eu estou ficando velha [risos].

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