Diana Assennato
Natasha Madov

por Diana Assennato
Natasha Madov
Tpm #147

Garotas criam game para quebrar o tabu em torno da menstruação

Garotas criam game para quebrar o tabu em torno da menstruação; em vez de caçar terroristas, as protagonistas atiram absorventes nos inimigos 

Imagine um acampamento de férias, só que de meninas que querem passar horas enfurnadas em salas de luz branca, na frente de computadores, programando e inventando mundos feitos de código. Esse é o Girls who Code, um projeto que incentiva jovens mulheres a aprender programação. Na edição deste ano, Sophie Houser e Andy Gonsales, de 16 e 17 anos, criaram o Tampon Run, um jogo que discute o tabu ao redor do universo da menstruação e a banalização da violência nos games. “Piramos na ideia de criar um game para promover uma mudança social”, disse Sofie ao site It’s Nice That. No jogo, em vez de atirar em terroristas ou matar monstros, as protagonistas jogam absorventes íntimos nos inimigos e têm que coletar novas caixas no caminho. Em uma das telas, uma mensagem clara: “É estranho que a sociedade aceite armas e violência em games de forma banal e considere o universo da menstruação um assunto inominável”. Para Sophie e Andy, há a ideia de que as funções naturais femininas são embaraçosas e grosseiras, e o jogo é uma resposta a isso.

Outro projeto liderado por garotas é o Happy-PlayTime, um jogo bonitinho e educativo que pretende eliminar o estigma sobre a masturbação feminina. A desenvolvedora do aplicativo, Tina Gong, disse à Cosmopolitan que o objetivo é ensinar métodos de masturbação, pensando em recompensas por desempenho, com ilustrações fofinhas e sem closes educacionais. Ou seja, nada embaraçoso. 

Universo misógino
O Ministério do rabalho dos EUA estima que até 2020 haverá 1,4 milhão de vagas disponíveis para profissionais da computação, o que inclui robótica, web design e programação. Para obter uma paridade de gênero até lá, quase 5 milhões de meninas precisam ser apresentadas a esse universo. É um caminho bem longo. 

A ideia de programas como o Girls Who Code é mostrar que a computação não serve apenas para que mulheres criem projetos, softwares e games geniais para provar a esse universo misógino que elas são capazes. O que esses projetos incentivam é que a computação seja vista como uma profissão que pode garantir prosperidade econômica. Não importa se você pretende trabalhar no departamento de TI de uma multinacional coxinha, criar games educativos ou lançar o próximo Facebook. A graça é exatamente esta: programar é criar a partir do zero.

Diana Assennato e Natasha Madov, jornalistas e geeks assumidas, são criadoras do blog Ada.vc, onde falam sobre tecnologia, internet e cultura digital com um olhar feminino 

fechar