por Tania Menai
Tpm #109

Ele é um dos modelos mais bem pagos do mundo e ficou famoso depois de filmar com Lady Gaga

Menino dos olhos de Armani, Dolce & Gabbana e Louis Vuitton, Evandro Soldati é um dos modelos brasileiros mais bem pagos do momento, mora em Nova York e ganhou ainda mais fama depois de gravar um clipe com Lady Gaga

 

 

Menino simples, de Ubá, cidade de 100 mil habitantes, no interior de Minas Gerais, viveu parte da infância no sítio do avô, com os pés descalços. Brincava de brigar com o irmão, um ano mais velho – às vezes, brigava de verdade, mas com categoria: gostava de capoeira e de jiu-jítsu. Menino que morava com a mãe, mas que puxou os olhos verdes do pai. Até os 15 anos nunca tinha viajado mais do que 50 quilômetros fora de sua cidade. Foi um bebê gordinho, mas logo minguou ao se apaixonar por esportes. Corrida, futebol, ginástica, exercício matinal não podem faltar. Diz que fez sua mãe sofrer no parto; seus ombros eram muito largos – e ainda são. Esses ombros hoje, 26 anos mais tarde, compõem um corpo de 1,85 metro de altura e 81 quilos. É perfeito. No entanto, "beleza não é tudo", acredita ele, que fez da beleza sua carreira.

Cabelos lisos e bem cortados, escondidos num boné preto com o símbolo do time de beisebol New York Yankees, Evandro Soldati apareceu para conversar com a reportagem da Tpm na pizzaria Pulino’s, no East Village, em Manhattan. Camisa xadrez, calça jeans, tênis, colar e anéis de prata da Tailândia e um largo sorriso. Pediu um café, em caneca, estilo americano. Hoje um dos modelos brasileiros mais bem-sucedidos no mercado internacional, ele demonstra deslumbramento zero ao relatar a vida que leva entre Europa e Nova York, onde mora há seis anos. "Sou fechado, reservado. Não sou o cara que vai contar piada na mesa", diz. E completa: "Às vezes me confundem achando que sou metido. Mas sou pensativo até demais".

"Sou reservado. Não sou o cara que vai contar piada na mesa. Às vezes me confundem achando que sou metido. Mas sou pensativo até demais"

Além de participar do videoclipe da música "Alejandro", de Lady Gaga, em 2010, ele figura nas capas de revistas europeias como L’Uomo Vogue, fotografado por Steven Klein, seu mentor e responsável pelo convite do clipe, Vanity Fair, por Mario Testino, e Numéro Homme, por Liz Collins. Fez campanhas para Louis Vuitton, Dolce & Gabbana, Armani Jeans e Benetton e pisou em passarelas de Paris, Milão e Nova York. Por quase cinco anos namorou a modelo Yasmin Brunet, com quem passou a morar no terceiro mês de relacionamento. Hoje, recorda da ex com um sorriso. "Foi um aprendizado incrível."

Hein?
Aos 15 anos, idade em que ingressou pela primeira vez numa escola particular, não tinha ideia do que faria da vida. Medicina, nutrição, economia, arquitetura passaram pela cabeça. Moda? Jamais. Um dia, um panfleto caiu em suas mãos, na escola, chamando alunos para testes de modelo. "Em Ubá!", ele ri. Evandro confessa que sua beleza nunca chamou tanta atenção assim das meninas nos pátios da vida. Ele tampouco parece priorizar aparência. "Beleza não é tão importante. Não adianta você namorar uma pessoa linda se ela não sabe ser mulher de verdade", solta. Porém, seus olhos verdes nunca passaram despercebidos. Foi a mãe que o incentivou a fazer o teste; ela mesma enviou fotos do filho para a Ford. Evandro passou na primeira etapa da seleção, em Belo Horizonte, e aos 16 anos se mudou para São Paulo.

Lá trabalhou por dois anos, mas o que ganhava dava apenas para pagar as contas. Quase desistiu, pensou em voltar para Ubá. Foi quando surgiu a oportunidade de ir para Nova York. O ano era 2005. A primeira morada foi a casa de uma amiga no Brooklyn. "Essa cidade me ensinou a ter disciplina. Nunca cheguei atrasado em nenhum trabalho", ressalta. No início, o inglês era uma barreira. Seu agente ligava empolgadíssimo com ofertas de trabalho, ele ria sem jeito e pedia para repetir tudo por e-mail. Foi só em 2006, quando recebeu um convite para ser capa da revista L’Uomo Vogue que compreendeu a rapidez com que sua carreira decolava.

Hoje, Evandro pensa em se afastar das passarelas. Os convites para desfiles diminuíram, já que a preferência do mercado é pelos modelos mais novos. Em julho, desfilará em Milão, mas já desistiu de Paris: os franceses gostam mesmo é dos magrelos. O brasileiro quer mais: pretende estudar cinema – não tem pretensão de ser ator, mas quer atuar em comerciais com mais firmeza. "Sempre penso quais cursos posso fazer em Nova York. Muitos exigem um tempo que não tenho. Outras vezes, tenho tempo demais e me sinto inútil", explica ele, que faz questão de dizer que navega pelo mundo de celebridades com a mesma humildade com que passeia em Ubá. "Sou básico, uso calça jeans e camiseta”, comenta. "Claro, às vezes tenho que ver um cliente, me visto melhor", diz ele, sem dar nomes às marcas. "Na minha cidade, não tinha noção nenhuma. Pelo menos agora sou menos brega", ri de si o menino de Ubá.

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