O outro lado da Laura

por Gabriela Borges
Tpm #104

Ela deu um tempo no trabalho para brincar de casinha e achou o humor em noites maldormidas

Laura Ballés é argentina e advogada. Aos 35 anos, é casada com o cartunista brasileiro Adão Iturrusgarai e mãe de Olivia, 2, e Camilo, 1. Para cuidar dos filhos, ela deu um tempo na profissão e agora sua rotina está dividida entre acordar cedo, trocar fralda, preparar mamadeira, ir ao supermercado, brincar... Um belo dia, entre uma papinha e outra, Laura fez alguns desenhos para a filha e seu marido adorou. Animada, lançou um blog e começou a desenhar junto com Adão a tira Roupa Suja, publicada no jornal Folha de S.Paulo. Ali, eles contam as aventuras da vida em família – com algumas histórias reais, outras nem tanto.

Quando você conheceu o Adão, já conhecia o trabalho dele como cartunista? Não. Um amigo em comum me disse que seu amigo, o Adão, ia passar uns dias em Buenos Aires e que o “pobrezinho” precisava de ajuda. E eu caí nessa! Foi amor à primeira vista.

Onde entra o humor entre as mudanças da vida por causa da maternidade e as do próprio casamento? Nós nos conhecemos e casamos em três meses. O Adão é ótimo parceiro, cada um respeita muito o espaço do outro. A grande mudança veio com o nascimento da Olivia. Já no hospital soubemos que algo tinha mudado, começando pelo sono. Quando ela começou a dormir a noite inteira nasceu o Camilo. Hoje, estou acostumada a conviver com a ressaca de não dormir. Dou risada, é quase uma tragicomédia.

Como a rotina ajuda vocês na hora de desenhar juntos? A gente achou um canal de comunicação ótimo, tanto que as piadas saem sozinhas. Às vezes só temos que dar uma enfeitada para que elas funcionem.

Por que o seu blog chama O Outro Lado da Laura? Todo mundo tem o outro lado. No meu caso tem a ver com minha profissão, o advogado está ligado à estrutura e o desenhista, ao descontraído.

Você sempre quis ser mãe? Não. Minhas amigas ainda não acreditam que eu tenha tido filhos. Mas agora que estão passando os medos do início me sinto mais confortável. Estou curtindo.

Você tem 35 anos e trabalha cada vez menos como advogada. Você pensava nisso antes de ter filhos? Antes eu trabalhava muitas horas fora de casa e achava que a mulher tinha se dado mal nesse lance de igualdade com os homens. Agora que estou em casa e sou mãe tempo integral, aplaudo de pé quem consegue conciliar casa e trabalho. Mas não gosto de falar de parar e sim de pausa, para ser uma mãe presente. O trabalho é fundamental para a felicidade. Estou me preparando para recomeçar no ano que vem.

Ser mãe é padecer no paraíso? É, mas acho que seria impossível viver sempre no paraíso. A parte difícil é a que nos conecta com o mundano.

Como você se retrata nos desenhos da tira “Roupa Suja”? Bem peituda e gostosa! [Risos.] Na real, não me preocupo muito, só peço para o Adão não me deixar como uma bruxa!

Vai lá: O Outro Lado da Laura

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