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Lais Souza fala sobre superação, amor, sexo e a vida na cadeira de roda

por Milly Lacombe
Tpm #150

Aos 26 anos, a ex-ginasta segue destemida e quebrando barreiras

Foi tudo muito rápido. O dia estava claro, vento a favor, e ela deslizava montanha abaixo, cortando a neve. E então o impensável. Um ano depois do acidente que a deixou tetraplégica, a ex-ginasta Lais Souza falou com a gente. Aos 26 anos, ela segue destemida, quebrando barreiras. Faz um tratamento inédito com células-tronco que pode devolver seus movimentos, começou a namorar uma garota e encara sem medo o que vem pela frente.

A seguir, leia um trecho da entrevista concedida à Milly Lacombe que pode ser lida na íntegra na Tpm #150 e na Trip #240 deste mês. 

LEVANTAR DA CADEIRA

Lais não se mexe mais dos ombros para baixo, mas nem de longe é uma pessoa quieta. Depois do acidente, seu corpo foi escolhido para ser o primeiro a testar uma nova, e talvez revolucionária, pes- quisa com células-tronco. Entre todos os tetraplégicos que se candidataram ela foi a que o Miami Project to Cure Paralysis, um instituto americano que se dedica a estudar e pesquisar a cura para os mais diversos tipos de paralisia, selecionou. "Sei que muita gente gostaria de estar no meu lugar, por isso quero que dê certo, por mim, mas também pelos médicos, pelos pesquisadores e por quem vai po- der se beneficiar." As células-tronco são injetadas na coluna na altura da lesão, entre as vértebras C2 e C3. Elas podem, eventualmente, devolver a Lais algum tipo de sensibilidade. "Que seja um dedo, já está valendo", diz rindo.

Lais nunca parou de sorrir. Mesmo na UTI, enquanto os médicos não podiam garantir que ela sobreviveria, o desespero não bateu. "Eu sabia que estava mal. Muita febre, tudo no limite, e eles não tinham mais o que fazer por mim. Sabia de tudo isso, mas não estava desesperada", diz. Hoje ela está aprendendo a ser paciente; depois de muito tempo, voltou a conviver com a mãe, com quem não vivia junto desde os 10 anos. É uma volta no tempo: "Minha mãe me dando banho, colocando fralda, dando comida...". Tem dias que é invadida por sofrimento e pergunta à dona Odete: "Mãe, por que comigo?", mas esses momentos passam logo e ela volta a se encher de esperança.

"Eu tenho uma namorada, sou gay há alguns anos. Já tive namorados, mas hoje estou gay"

Para falar sobre como é a vida em uma cadeira de rodas, ela tem o apoio da amiga mais recente: a deputada federal Mara Gabrilli, também tetraplégica, que fez contato com Lais algumas semanas depois que ela tinha saído da UTI. "A Mara me ajuda muito. A gente conversa de coisas práticas: cocô, xixi e sexo", diz rindo. "Eu amo falar sobre sexo, sempre fui assim. Tive corpão de atleta, sempre fui mais corpo do que qualquer outra coisa, eu era sapeca de aventuras e tudo mais, e a gente se identificou com isso." Mas Lais se apressa em dizer no que são diferentes: "Ela e eu somos diferentes em uma coisa. Eu tenho uma namorada, sou gay há alguns anos. Já tive namorados, mas hoje estou gay", diz, rindo.

No dia seguinte ao nosso papo Lais faria a última aplicação de células-tronco. É bastante possível que ela, ao topar submeter e entregar seu corpo ao tratamento experimental, esteja participando de uma revolução. Mara, que acompanha a amiga de longe, concorda e diz que, numa das vezes que conversaram, Lais perguntou o que poderia fazer por ela em retribuição a todo o carinho, e Mara respondeu: "Faz uma coisa: levanta dessa cadeira". Pode acontecer. O que para Lais Souza seria apenas mais um recomeço.

E NO TRIP TV...

Além do papo com Milly Lacombe na revista, conversamos com a ex-ginasta também para o Trip TV.

No trecho acima Laís fala sobre a invisibilidade dos cadeirantes, e do receio das pessoas que agora a veem na cadeira de rodas: "Eu não mudei nada. Laís Souza... é a mesma. Só tá paradinha por um tempo. Férias!".

A entrevista completa você assistir em breve na TV. O programa passa toda quinta, à partir da 1h30 da manhã, na Band.

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