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Mulher ao mar: A vida de Sharon Azulay é cheia de extremos

por Natacha Cortêz
Tpm #152

Filha de um paraense que fez fortuna no Rio. Menina afastada da mãe dependente química. Adolescente que largou a escola para se focar no emagrecimento e única herdeira de uma das marcas de moda praia mais importantes do país.

Na véspera da morte do pai, Sharon previu tudo. Acordou de um pesadelo e foi correndo contar a ele que havia sonhado com sua morte. David Azulay foi debochado, como a filha esperava, riu e respondeu: "Sonhar com morte é sorte, significa que a pessoa vai viver muito". Aos 56 anos e um dia depois do sonho, ele teve um infarto enquanto dormia sozinho em sua fazenda em Visconde de Mauá, interior do estado do Rio de Janeiro. 

O ano era 2009, Sharon tinha 17 anos. Filha única, foi criada apenas pelo pai. A mãe, dependente química, perdeu a guarda da menina quando Sharon tinha 2 anos. "Então, éramos só eu e meu pai. Nunca tive babá ou alguém que cuidasse de mim. E foi assim até sua morte."

Além de sozinha, Sharon era a única herdeira do patrimônio de David Azulay, que incluía a BlueMan, uma das maiores marcas de moda praia brasileiras. David foi não só pioneiro no segmento, como um importante divulgador do "beachwear made in Brazil". Aos 21 anos criou o biquíni de lacinho e fez fama e fortuna do dia para a noite. 

Hoje, seis anos depois da morte de David e quatro à frente da BlueMan, Sharon recebeu a Tpm na sede da marca, um prédio de seis andares no bairro de Benfica, subúrbio do Rio de Janeiro. Em um dia de conversa, a diretora criativa da BlueMan falou de moda brasileira e de como foi assumir uma empresa aos 19 anos. Contou ainda detalhes da intensa relação com o pai, que chegou a tirá-la da escola para que ela se dedicasse exclusivamente ao emagrecimento. "Mas só consegui perder os 50 quilos depois que ele morreu."

Assista a entrevista de Sharon para Trip TV

Depois do pai

Naquela quarta-feira de março, acompanhamos Sharon em um tour pela fábrica da BlueMan. São seis andares de um prédio e mais dois imóveis localizados no terreno ao lado. Marketing, criação, financeiro, estoque, estamparia e refeitório. Na caminhada, a filha de David mandava beijos aos seus funcionários, que respondiam com beijos duplos. Ela é explicitamente carinhosa com todos que trabalham ali. Em um dos corredores, encontrou Michel, seu noivo, um moço de cerca de 1,90 metro de altura e olhos verdes. Ele é o responsável pela parte organizacional da empresa. Deixou os negócios da própria família para se juntar à noiva na BlueMan. Ele e Sharon se beijam sem cerimônia. Depois, ela se despede dele dando um tapa na bunda. Ele, por sua vez, é do tipo que mantém os olhos fixos na noiva sempre que ela está por perto. 

Na sala de modelagem, rodeada por papéis pardos – típicos para o desenho das peças – estava Heloísa Ribeiro, 51 anos, 29 deles de chão de fábrica. Sharon nos apresentou a modelista contando da presença constante dela em suas memórias de infância. Heloísa começou na BlueMan como assistente de costura e ganhou espaço na empresa. Atualmente é a chefe da modelagem. Pedimos para ela falar de David e do tempo em que Sharon era criança. Heloísa hesitou. "Pode falar, Helô, mesmo. Eu não me importo", insistiu Sharon. Sem jeito, Helô comentou rapidamente do humor inconstante do fundador da BlueMan, do seu tom de voz grave e impositivo. "Sharon é mais doce, mas ainda muito parecida com o pai. Tem os olhos dele", disse.

Dali, subimos para a sala da diretoria, a de Sharon. Um cômodo gigante, com janelas que tomam as paredes do piso ao teto. A vista do sexto andar mostra um Rio de Janeiro pouco lembrado nos catálogos de turismo. Uma mistura de região industrial com imóveis residenciais minúsculos, grudados uns aos outros. 

Logo no centro do cômodo fica um retrato de cerca de 1,5 metro de altura de David, que parece vigiar tudo. Começamos uma conversa sobre negócios, assunto que ela aprendeu a dominar. Ao falar de business, Sharon é assertiva em cada resposta, não faz pausas antes de responder. Com a voz rouca e grave herdada do pai, ela não tem receio de criticar a indústria da moda brasileira e nem de elogiar marcas nacionais concorrentes. Convencida do trabalho que realiza à frente da BlueMan e do legado deixado por David Azulay, ela desmente os rumores sobre tempos ruins na empresa e, agora, não tem mais dúvida nenhuma sobre seu lugar. "Não preciso provar nada pra ninguém. Nem eu, nem a BlueMan. Nos garantimos em questão de irreverência e em questão de produto."

 

Tpm. Já são 42 anos de BlueMan, conta um pouco essa história. 

Sharon Azulay. A empresa começou em 1972. Meu pai era moleque, recém-chegado de Belém (PA). Deu certo por um erro. Ele fez um biquíni jeans, mas a calcinha não tinha elastano e por isso não passava nem nas canelas das mulheres. Ele precisava pagar o fornecedor do jeans e eram 1.200 biquínis pra desovar. Conversando com um amigo, resolveu cortar a lateral da calcinha e ali nascia o biquíni de lacinho. Foi uma febre. Ele nunca tinha trabalhado com moda antes, não era estilista, nunca se viu assim, nem eu me vejo. Tenho nome de diretora criativa porque me deram. Aprendi com o meu pai o tal do olhar, de saber se gosto ou não. Mas nunca me vi trabalhando na BlueMan, nem ele me preparou pra nada disso.

Então, de repente ele morreu e tudo sobrou pra você? Foi. Na hora pensei: "Caraca, como vou assumir tudo?". Hoje, me vejo fazendo coisas e adotando responsabilidades inimagináveis antes da morte dele. Abri mão da minha juventude pra cuidar da BlueMan. Vivo o universo de chão de fábrica e descobri que amo! Mas demorei pra assumir que eu podia de fato gostar disso. Às vezes penso: "O que ele teria feito?". Mas, se eu tentar sempre fazer o que meu pai faria, vou enlouquecer. Tenho que agir pelo coração. Hoje, a BlueMan está cada vez mais ganhando a minha forma. É sim em nome do pai, mas, antes de tudo, é por mim. Fiz uma escolha: enquanto minhas amigas iam pro Baixo Gávea, eu tinha uma folha de pagamento de 400 funcionários e milhões de reais por mês. Às vezes me desespero, e queria que ele estivesse aqui. As grandes marcas de moda foram todas compradas, existem conglomerados por trás delas. Na BlueMan não. Existe uma menina de 23 anos.

Quando você chegou, quem cuidava de tudo? Olha, quando meu pai era vivo, ele é quem fazia tudo. Do estilo ao financeiro. Não existia diretor pra nada. Nem sei se ele acreditava nessas coisas. Quando ele morreu um amigo assumiu a direção de tudo. Quando decidi vir pra cá, essa pessoa abandonou o cargo.

E o que você fez? Chamei o Márcio, meu motorista desde que nasci, e pedi pra ele me ajudar com a empresa. Só contratei um diretor financeiro quando tive certeza que sabia de tudo aqui, de cada processo. Aprendi na marra. 

Deve ter sido difícil essa fase. Foi. Eu tive que confiar em quem já trabalhava aqui. Todo mundo sabia mais que eu. Lembro do dia do enterro do meu pai, ouvi alguém cochichando: "Depois que o dono morre, acaba a empresa, hein". Às vezes, eu também tinha medo. Era eu, o motorista e uma empresa inteira pra tocar. Eu sei que parece bizarro, mas, olha, deu certo. 

Você não estudou moda nem produto. Sente falta de formação profissional nesse sentido? Não. Pra mim, conceito de moda não interessa. Ou a roupa é bonita, ou é feia. Ou vende, ou não vende. Não ligo pra tema de coleção. Tenho olhos de consumidora, não de estilista.

Você cresceu vindo pra fábrica? Isso. Quando eu era pequena, meu pai me trazia pra cá todo dia. A copeira, Ádila, era minha babá na fábrica. Eu trazia o cachorro e tudo. Na adolescência, me afastei. Ficava em casa, fazia outras coisas. Fui criada solta. No último ano da vida do meu pai, ele me tirou do colégio e disse: "Você é bonita e rica, não precisa estudar. Vou ser seu personal trainer". Eu pesava 112 quilos e ele queria que eu emagrecesse mais do que estudasse.

E você deixou de ir ao colégio? Sim, reprovei por falta. Passamos o último ano da vida dele inteiro juntos, indo pra academia. Hoje entendo o quanto isso foi fundamental pra gente se despedir.

Como foi o dia da morte dele? Na véspera, eu tive um pesadelo. Sonhei que ele morria. Acordei, corri pro quarto dele e contei. Ele riu, claro. Falou: "Sonhar com morte é sorte, significa que a pessoa vai viver muito". À noite, no dia seguinte, tava uma lua cheia sinistra. Ele foi pra fazenda que a gente tem em Visconde de Mauá. Morreu dormindo, sozinho. Infarto fulminante.

E, quando você soube, o que sentiu? Só não me entreguei por causa da minha vó, fui forte por ela. Pensava em como eu ia contar pra ela que o único filho tinha morrido [dona Sol, como era conhecida, já tinha perdido o primeiro filho, Simão, criador da Yes, Brasil]. Contei e fui morar com ela. Um ano depois ela morreu. Tenho a mania de romantizar a perda, pra mim tudo se encaixa. Quando ela morreu, aí sim eu estava pronta pra seguir.

Ele estava solteiro na época? Não. Tinha uma namorada, a Ana. Mas era um homem de nós todas. 

E como era sua relação com a Ana? Eu gostava mesmo dela. Ela me acompanhava em viagens, era uma boa amiga. Sempre tive relações saudáveis com as namoradas do meu pai. Não tinha por que ter ciúmes. Eu e meu pai éramos grudados, nos amávamos muito. Ele era meu parceiro de vida.

"A ligação com meu pai era tão forte que, enquanto ele estava vivo, eu não precisava do olhar de homem nenhum"

A perda do seu pai mexe contigo até hoje? Com certeza. Perder ele foi um corte na vida. Quando morreu, eu ainda era muito gorda. Emagreci 50 quilos depois. Um tempo atrás, fui fazer mapa astral e a astróloga disse que a ligação com meu pai era tão forte que, enquanto ele estava vivo, eu não precisava do olhar de homem nenhum. E é verdade. Eu me escondia embaixo de uma camada de gordura porque não precisava de mais ninguém.

Do que mais sente falta do seu pai? Do olhar. O olhar de aprovação ou negação. O olhar que motivava e que motiva até hoje.

Mas era um olhar que castrava também? Talvez. Gosto de dizer que minha vida se divide em antes e depois da morte do meu pai. Quando você tem essa influência de um pai tão forte, deixa de ser o que gostaria de ser. Antes da morte dele, quase tudo que eu fazia era pra tentar agradá-lo. Saía com garotos e não apresentava pro meu pai porque achava que não eram dignos dele. 

Hoje você faz faculdade de psicologia. Por que escolheu o curso? Talvez por eu ter pais separados e ter ido ao psicólogo a vida inteira, desde criança. Faço até hoje. Psicanálise, no caso. E, nossa, como a gente é tão como nossos pais. A gente é reflexo deles. Essa é uma das minhas grandes descobertas com a terapia.  

As pessoas que trabalham aqui disseram que você lembra mesmo muito seu pai. E não só fisicamente, mas tem os trejeitos dele. Você concorda? Muito. Na psicanálise entendi isso, inclusive. Essa coisa de ter as manias dele, o tom de voz parecido… Mas também entendi que a maior prova de amor que meu pai poderia ter me dado foi ir embora. Ele nunca ia me deixar sair debaixo das asas dele. Sabe? Se ele não tivesse partido, acho que tudo seria diferente. Eu seria diferente.

Você acredita que a morte dele te libertou de alguma forma? Exatamente. Minha maior dor foi meu maior aprendizado. Nossa, nunca fui tão franca em uma entrevista. Mas ok. Vamos continuar. Bem, antes eu morria de medo de ser mãe. Talvez porque nunca tive uma mãe presente. Hoje, um dos motivos de tentar a reaproximação com a minha mãe é porque eu quero ser uma. Sei exatamente o que fazer por um filho porque sei o que me faltou.

Você e sua mãe voltaram a se falar então? Sim. Há poucos anos a gente vem se aproximando. Tentando retomar o contato. 

E como está sendo retomar a relação com ela? É bom pra nós duas. E hoje a gente pode dar certo. Essa é a diferença. Nunca tive mágoa dela. Na verdade, a cada contato, percebo que tenho muito dela. Sem falar que somos iguais fisicamente. E ela me conhece mais do que eu imaginava. Mas sempre fui mãe da minha mãe. Ela é muito dependente de mim. Então não era uma relação mãe e filha. Agora estou me permitindo ser filha um pouco. E permitindo que ela seja mãe. 

Como era a relação dela com o seu pai? Eles se conheceram em Miami e se apaixonaram logo de cara. Minha mãe vendia BlueMan lá. Nesse período ele ficou um ano sem pisar na fábrica. Os dois se trancaram em um universo louco. Fui fruto dessa paixão fulminante. Meu pai já tinha sido casado e era louco pra ter filho, mas a ex-mulher não engravidava. Quando nasci, acho que minha mãe não soube lidar direito comigo. Ela não era mais a única mulher da vida do meu pai. Durante muito tempo ela me falava: "Você não quer que eu volte com seu pai porque você não quer dividir ele comigo". Nunca vi esses comentários como ruins. Ela estava falando da dor dela, sabe? Era o amor da vida dela. Depois que ele morreu, ela mudou o discurso e nossa relação mudou.

Pretende ter filhos? Pretendo, sim, e não muito tarde. Me caso em setembro. 

A ideia é criá-los como seu pai criou você? Bem, eu mudaria tudo aquilo que eu achei que faltou. Ele me criou para a vida e isso eu quero passar pros meus filhos, os valores, a garra. Não quero criar ninguém em um fantástico mundo que não existe. Isso meu pai fez muito bem. Ele até fazia coisas que poderiam doer em mim, mas no fundo estava me mostrando a verdade nua e crua. Em contrapartida, ele não ligava muito pra escola. Isso eu sinto que farei diferente com meus filhos. Não que eu acredite que ser o primeiro da turma seja garantia de qualquer coisa, muito pelo contrário, mas acho que a dedicação e a disciplina do colégio são coisas que você leva para a vida. 

Mudando um pouco de assunto, o que mudou da administração do seu pai pra sua? Hoje é tudo na lei, antes não era bem assim. Isso quebrou muita gente porque a moda sobrevivia pelo caixa dois. Hoje não existe jeitinho. Mas, de resto, acho que é tudo parecido. Todo mundo diz que somos iguais ao tomar decisões. Como ele, não tenho paciência pra lenga-lenga. Odeio "talvez" e "quase". Pra mim, é ou não é. Sou muito objetiva.

O Thomaz Azulay, seu primo, dirigiu o estilo da BlueMan por três anos. A saída dele também deve ter sido um desafio pra você. Foi, claro. Mas o Thomaz estava buscando sua própria história. Fazia sentido ele sair pra investir no projeto de vida dele, ter sua marca. Mais do que parceiros de trabalho, nós somos sangue do mesmo sangue, somos primos. E ele sempre vai ter todo o meu apoio. 

Quantos funcionários vocês têm hoje na fábrica? E nas lojas? Produzimos mais de 40 mil peças por mês. Pra isso, no chão de fábrica são 150 funcionários diariamente, batendo ponto. Contando com as lojas próprias (23 no Brasil todo), temos de 300 a 600 funcionários, depende da época do ano. Mas a maioria delas fica em shopping. E a gente vira refém de shopping. Pago R$ 40 mil mensais só para estar ali, e eles ainda ganham em cima do faturamento. E tem décimo terceiro! São 13 aluguéis anuais só pra um ponto em um shopping carioca. Passou a época em que era fácil ser comerciante. Agora é business, e business de gente grande.

Vocês também têm atacado e e-commerce. O atacado é nosso forte. São mais de 450 pontos. Brasil e mundo. Vendemos em Angola, Israel, Estados Unidos, Portugal, Japão. O e-commerce começou de fato faz três meses, e é só alegria. O custo é baixo, o retorno é imediato.

"No último ano, decidi não desfilar e foi a melhor coisa que fiz. É muito dinheiro e muita firula"

A linha de fitness também é novidade. A linha fitness nasceu da minha vontade de vestir coisas estilosas pra fazer exercício. Também vi uma carência no mercado, que não tinha nada moderno. Hoje, ir à academia é postar uma foto no Instagram 

A BlueMan não esteve no último Fashion Rio. Por quê? Olha, cada vez mais esse evento se enfraquece. E desfile você faz pra editoras de revista de moda e ponto. Eu prefiro investir na comunicação com o meu consumidor. No último ano, decidi não desfilar e foi a melhor coisa que fiz. É muito dinheiro e muita firula. A BlueMan não precisa provar nada pra ninguém, nem em questão de irreverência, nem em questão de produto. Por exemplo, a Farm não gasta R$ 300 mil em desfile, mas gasta R$ 500 mil se comunicando diretamente com o seu consumidor e vende mais que todo mundo.

Para sobreviver vendendo moda no Brasil tem receita? Um bom produto, com uma boa comunicação. A Farm vende o fantástico mundo da Farm, você quer ser aquela garota. Já não basta mais ser brasileiro, as pessoas querem ser cariocas. Se eu quero saber de tendência de biquíni, vou pra Ipanema. O que vou fazer em NY? O comportamento de praia está aqui, na frente do meu nariz.

Como vê o futuro da BlueMan? Eu vejo a BlueMan cada dia mais saudável e crescendo. Tô começando a minha segunda coleção sozinha, a primeira só vai para as lojas em agosto, então vamos ver como vão ser as vendas. Mas hoje a BlueMan é uma equipe, não existe o "eu sozinha". Uma andorinha só não faz verão, confio em mim e na minha equipe, e estamos fazendo um trabalho que eu tenho certeza que vai agradar. 

E sobre seu emagrecimento? No primeiro dia de academia, chorei muito. Pra quem eu ia fazer aquilo? Meu pai vibrava quando eu voltava da academia. Eu, sinceramente, nunca me importei em ser gorda. Mas ele ficava irado. "Te olho como pai, mas sou homem. Que homem vai querer estar com você? Quem vai sentir tesão numa gorda?" Um dia, vi um garoto fazendo luta e entrei pro muay thai. Depois, fui pro caratê e me apaixonei. Hoje, faço personal todos os dias, pilates duas vezes por semana e ginástica funcional na praia, aos sábados.

E faz alguma dieta específica? Eu tento controlar a alimentação e equilibrar os nutrientes. Quando exagero recorro a um detox. Aconteceu assim no fim do ano por causa das festas. Exagerei e acabei engordando uns quilinhos. No detox, fico de 7 a 10 dias com o seguinte cardápio: suco verde no café da manhã e depois banana por causa dos exercícios. Almoço: peixe, quinoa e folhas. De lanche: ameixa e Whey vegano. No jantar: peixe e cogumelos ou sopa de legumes. Começo o detox sempre no meio na semana. Assim não fico dois finais de semana fazendo. Manter uma dieta rígida sábado e domingo é sempre mais difícil. 

Você se sentiu mais aceita depois de emagrecer? Sim. Mas nunca sofri por ser gorda. Mas é claro que ouvia "ela tem o rosto tão bonito, pena que é gorda". 

E como é a relação com seu corpo hoje? Hoje eu sei como é ser magra. Jeans, eu vestia 52 masculino. Por muito tempo, não comprava o que gostava, comprava o que cabia. Não achava que seria capaz de entrar em um tamanho M, ou em um P. Agora, tenho outro estilo de vida. Gosto de acordar cedo, ir pra academia. Me sinto bem assim. Quando eu pesava 112 quilos, meu pai me torturava. Nenhuma roupa cabia e ele tacava todas pela janela. Tirava fotos minhas de calcinha e dizia: "Olha bem o que você é". Era muita tortura mesmo, mas o único atrito que a gente tinha era nesse momento.

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