por Layse Moraes

Fotógrafo lança livro de projeto que retrata pessoas com trechos de música escritos no corpo

A pergunta é: O que seu corpo cantaria? A partir dela, o fotógrafo londrinense Luiz Augusto Rodrigues resolveu retratar pessoas com trechos de música escritos na pele.

A ideia nasceu de um insight. Luiz passava por um momento de mudança e ao olhar para a própria tatuagem no braço, um trecho da música Let it be, dos Beatles, escreveu no dorso da mão “I admit is getting better”, trecho de outra canção da banda, montou o tripé e tirou uma foto de si mesmo. O resultado foi bacana e as coisas foram acontecendo.

No começo, no meio de 2012, o plano era fazer um álbum de umas 30 fotos no facebook e só. Mas as pessoas começaram a procurar Luiz e a brincadeira continuou.  Os primeiros fotografados foram da área musical, mas aos poucos outras pessoas, amigos de amigos e depois desconhecidos, foram chegando até o fotógrafo. Na lista de fotografados também há vários famosos, como Lobão, Zeca Balero, André Jung (Ira!), Canisso (Raimundos), Duca Leindecker (Cidadão Quem), Haroldo Ferretti (Skank), Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii), Roger Moreira (Ultraje a Rigor).

Criava-se então o Música na pele - Projeto Livro de Cabeceira. O título foi inspirado no filme O Livro de cabeceira, de Peter Greenway, no qual uma das personagens recebia escritos no próprio corpo. “O foco são as pessoas e o que a música significa para cada uma delas”, conta Luiz. O projeto não tem patrocínio, nem pretensão financeira - o que dificulta a realização de algumas fotografias: “Já recebi pedido de fotos de pessoas de todos os cantos, mas como não tenho patrocinador, fica complicado o deslocamento. Estou disposto a ir para outros lugares, desde que alguém me leve”.

Mais do que retratar pessoas e seus trechos preferidos, Luiz eterniza histórias. E não são poucas: “Depois de fotografar um casal, recebi um email da moça dizendo que a partir da foto, que mostrava os dois distantes, ela refletiu sobre o estado da relação e eles acabaram se separando”. Também conta que já fotografou uma pessoa que escolheu seu trecho por ser de uma música que a ajudou a passar pelas sessões de quimioterapia e já se surpreendeu com gente que resolveu eternizar a escrita como tatuagem.

Foram 528 fotografias tiradas até agora e Luiz resolveu bancar a criação do livro, que traz 101 + 1 fotos. Ele explica: “Terá um espaço vazio logo no início do livro para a pessoa colocar a própria foto com o trecho de música escolhido”.

O livro funciona como pílulas de inspiração - traz mensagens, acima de tudo. Mas se engana quem acha que isso significa o fim do projeto, que não tem data para terminar: “Ele nunca vai acabar, porque não é mais meu, é das pessoas. A maior recompensa são as pessoas e as histórias que eu conheci”.

Vai lá: www.facebook.com/musicanapele
Livro “Música na pele - Projeto Livro de cabeceira” - R$ 75

(*) Layse Moraes é uma jornalista apaixonada por livros e que mantém o blog Coração Nonsense

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