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por Clarice Machado

Em performance no MIS, artista cola tachinhas douradas em seu corpo e revela mais de si

Uma tarde com Lucy McRae, é disso que se precisa para conhecer melhor essa grande artista australiana. Sem segredos ou máscaras, simples e espontânea. Bailarina clássica e arquiteta, Lucy é o tipo de artista que transita com liberdade por vários tipos de expressão artística com a leveza e doçura que só uma mulher poderia ter.

A fixação com o corpo vem de longa data. Com o ballet, Lucy sempre sentiu seu corpo como ferramenta de expressão e sua arte não se separa disso nem por um momento. Da arquitetura saíram as noções de geometria e espaço que ganham novos valores em seu mundo. E sua performance é, de fato, uma intersecção de tudo isso.

Lucy participou de projetos em parceria com outros artistas e mídias como a colaboração "Lucy and Bart" e Peristaltic Skin Machine, a direção da capa do CD da artista sueca Robyn (Body Talk), a participação numa edição da Another Magazine e produção de moda no video Champagne Valentine. Em geral, sua contribuição é tão intensa que é possível perceber logo qual é a sua participação.

Ao acompanhar Lucy montar sua personagem fica claro de onde surgiu tamanha disciplina, herdada das atividades que a formaram. É mesmo necessário muita dedicação e paciência para colar uma a uma, todas as tachinhas que preenchem a superfície do seu corpo durante sua performance. Tudo isso pode levar horas para ficar pronto.

Lucy se deixa desvendar em palavras simples, diz o que quer de forma clara e pede ajuda para colar suas tachinhas. A aproximação garante abertura para conversas casuais, e entre outros assuntos Lucy revela que já havia sido convidada para estar no Brasil umas quatro vezes antes, mas nunca havia aceitado.

Sobre a primeira visita, ela disse ter se surpreendido ao desembarcar em São Paulo, e nem o cansaço de mais de duas horas na preparação para a performance tirou seu ânimo. Antes mesmo de terminarmos a colagem das tachinhas, ela já estava pedindo dicas do que fazer mais tarde - bem mais tarde, depois do show de B. Fleishmann e 310k, que ainda iria assistir na própria mostra que participa.

Não há grandes coisas a se desvendar, nem conceitos escondidos para questionar. Lucy faz dentro de si um apanhado de todas as sensações lúdicas, surreais, irreais e futuristas, e usa seu corpo para mostrar tudo isso. Quando não o seu, o de um outro alguém, mas é o corpo que exala sua arte, e sobre isso não restam dúvidas.

Inventar novos tipos de seres humanos, abrir possibilidades para novas silhuetas e estéticas individuais são algumas coisas sobre as quais Lucy não consegue esquecer. Depois de pronta a reparação, ela suavemente posa para videos e fotos, mostrando o ser novo que acabara de criar e como respira, como se comporta, e como vê esse mundo que já existe, antes de ele nascer.

Saiba mais sobre o trabalho de Lucy no site da artista, e veja a galeria de fotos e o video que fizemos durante a montagem e a performance, e alguns outros motions já feitos por Lucy.

 

Peristaltic Skin Machine

Champagne Valentine

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