Da internet para a ação

por Natacha Cortêz

Encontro reuniu em São Paulo representantes de movimentos feministas no Facebook

No ultimo sábado, 13 de abril, representantes e leitoras (e leitores) de blogs e páginas feministas no Facebook saíram de trás dos seus computadores para um encontro ao vivo. Organizado pela fanpage Feminismo sem demagogia, moderada pelas amigas Verinha Dias, Denise Laizo, Maria Luiza Rodrigues, Samantha Pistor e Luana Balbino, o evento reuniu representantes e seguidores de várias fanpages que discutem questões ligadas ao feminismo. Entre elas, as já famosas Feminista Cansada, Uma Outra Opinião e Feminismo na Rede. Foi um dia de conversas abertas sobre assuntos quentes como: transexualismo, racismo, violência contra a mulher, liberdade, opressão, e feminismo na web.

Para Verinha Dias, 34, uma das organizadoras do encontro, "a intenção da primeira edição era chamar as feministas para sair da rede e vir para o real; nos conhecermos, formar laços, debater pessoalmente os assuntos que tanto falamos nas páginas." 

A escritoras Clara Averbuck, 34, e Nádia Lapa, 33, [do blog Cem Homens], falaram sobre padrões de beleza e liberdade sexual. Houve ainda grupos de discussão, onde todas as participantes debateram o assunto proposto por uma mediadora: Djamila Ribeiro, da página no Facebook Moça, você é racista trouxe o tema "A importância de 'enegrecer' o feminismo". Daniela Andrade, da fanpage Transexualismo da depressão, propôs: "Por um feminismo que pense na mulher Transexual"; Kátia da Costa, da Feminismo na rede falou sobre "A Divisão sexual do Trabalho"; e Nelma Cecília do Feminismo sem demagogia sobre "Violência emocional contra a mulher".


ENCONTROS E DIVERSIDADE

Nadia Lapa explica da importância da realização de eventos que levem o conteúdo tratado nas redes para o ambiente físico: "Eu acho importantíssimos os encontros presenciais. É uma grande oportunidade para vermos outros pontos de vista e conhecermos experiências pessoais das demais mulheres, ampliando nossa visão de mundo. Pra muitas mulheres é também um ambiente seguro, de troca, de conforto, de acolhimento".

 

"Esses encontros são uma grande oportunidade para vermos outros pontos de vista e conhecermos experiências pessoais das demais mulheres, ampliando nossa visão de mundo. Pra muitas mulheres é também um ambiente seguro, de troca, de conforto, de acolhimento" 

Uma das mulheres que se inscreveu para assistir as palestras, Gisele Marie Rocha, 42, é brasileira, guitarrista, e islâmica. Sobre sua presença, comenta que se sentiu acolhida e ao mesmo tempo, olhada com curiosidade. "Acho que é a primeira vez no Brasil que um evento destes tem a presença de uma mulher muçulmana e logo de cara uma munaqaba [nome usado para caracterizar a muçulmana que usa o véu niqab, que cobre o rosto, deixando apenas os olhos à mostra], ou seja, o perfeito estereótipo falso da muçulmana oprimida, quebrando paradigmas e estereótipos, e isto foi muito interessante."

O encontro também contou com a presença, na platéia, de alguns homens, leitores dos blogs e páginas. Sobre a presença masculina no evento, Verinha é otimista: "Os homens no evento vão para aprender sobre feminismo. Quantos vierem serão bem vindos. Os homens são importantes no apoio da nossa luta, e essa presença é um importante passo para conscientização deles". 

A respeito das dificuldades para a realização do encontro, as organizadoras listaram basicamente, falta de tempo e dinheiro. "O tempo era escasso. Tivemos poucas doações, a maior parte nós mesmas financiamos. Tivemos a colaboração de uma seguidora da página, que fez a arte dos banners e faixas, ajudando a diminuir os gastos." Mesmo diante de contratempos, elas consideram a primeira edição superou suas expectativas, e Verinha assegura: "Em breve daremos noticiais sobre a segunda edição do Encontro Feminista de São Paulo. Estamos bastante satisfeitas e felizes com quem compareceu. Todos muito ativos e participativos, interessados em aprender. Nota-se o desejo de uma mulher livre de estereótipos e da obrigação moralista de dar justificativa sobre o que ela faz com sua vida e com seu próprio corpo." 

Vai lá: para conhecer a fanpage do Feminismo sem demagogia e ficar por dentro de próximos encontros.

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