Paola, la poderosa

por Gabriela Borges

Nascida no Equador e criada na Colômbia, a cartunista latinoamericana faz sucesso pelo mundo com seus quadrinhos de traços delicados

Power Paola é uma das cartunistas latinoamericanas do momento. Tanto pelo seu traço preciso e delicado, quanto pela visibilidade que vem ganhando pelo mundo. Em seu primeiro livro, "Vírus Tropical", de 2011, ela contou sua própria história em capítulos com temas como família, dinheiro, religião, trabalho e amor. A graphic novel foi publicada na Colômbia, na Argentina, na Espanha, no Chile, na França, no Perú e vai ganhar edições em Portugal, Equador, Estados Unidos e Brasil - lançamento por aqui em agosto, pela Editora Nemo.  

Paola Andrea Gaviria nasceu em 1977 no Equador e foi criada na Colômbia. Quando sua mãe engravidou pela terceira vez do marido, um ex-sacerdote, eles achavam que o que crescia em seu ventre era um vírus tropical, pois havia ligado as trompas anos antes. A história do livro começa aí, com Paola ainda na barriga da mãe, e termina quando a caçula de três irmãs decide sair de casa e cuidar da própria vida, depois de uma adolescência cheia de conflitos familiares.  

O "power" em seu nome pode até ser uma brincadeira com a dificuldade que os franceses tinham de pronunciar Paola em Paris, onde morou. Mas seu poder é verdadeiro. Ela é representante feminina de dois países onde as mulheres ainda lutam por algum destaque no mundo do quadrinhos, e acredita que essas cartunistas talvez ainda estejam produzindo em um contexto muito underground. "Infelizmente, não conheço nenhuma do Equador. Mas, minhas colombianas favoritas são Mariana Gil, Tateé e Sofía Alvarez. Cada uma tem uma forma particular de narrar e de aproximar-se das histórias", diz.  

Entre as cartunistas estrangeiras que inspiram seu trabalho estão Julie Doucet, do Canadá, Aline Kominsky-Crumb e Debbie Drechsler, dos EUA, Ulli Lust, da Áustria, Chiquinha, do Brasil, e Marjane Satrapi, do Irã. Autora do famoso "Persepolis", HQ premiada que virou longa-metragem, Satrapi influenciou Paola a também animar "Vírus Tropical". O projeto, no qual trabalha há três anos ao lado do cineasta Santiago Caicedo, ganhou uma convocatória de produção de longas de animação pelo governo colombiano e deve estrear em 2016. Para a revista Rolling Stone colombiana, essa pode ser a animação mais interessante já produzida no país.  

Teaser do filme "Vírus tropical"

Power Paola é ainda autora dos livros "Por dentro", "Diario de Power Paola", "QP: Éramos Nosotros" e "Todo va estar bien", todos ainda sem edição brasileira. Ela também participou do encarte do disco "Novela Grafica", da banda argentina SIMA, e é responsável pelas lindas ilustrações do livro "Sandiliche", do brasileiro Ronaldo Bressane, publicado pela editora Cosac Naify no ano passado. Além disso, publica fotos de seus desenhos, pinturas e cadernos de viagem em seu Instagram, entre vários outros projetos que participa. 

Vai lá: www.powerpaola.com | powerpaola.blogspot.com.br | flickr.com/photos/powerpaola 

*Gabriela Borges é jornalista e mestre em antropologia, especializada em história em quadrinhos. Diretora de conteúdo na Agência Pulso e criadora do Mina de HQ.

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