Não-entrevista: o sujeito que abusou da jornalista no metrô de São Paulo

por Nina Lemos

’’Gostaríamos de não entrevistar o indivíduo que se masturbou em cima de uma mulher que estava indo para o trabalho. Não temos palavras para definir o que sentimos por esse ser’’

"Foi quando meus pés tocaram a escada rolante que senti parte da minha calça esquentar. Quando coloquei a mão nela, notei que ela estava molhada."

O depoimento é da jornalista Carol Apple, do Portal R7, vítima de abuso sexual no metrô de São Paulo esta semana. Estamos indignadas e solidárias com a Carol neste momento. E gostaríamos de não entrevistar o indivíduo que se masturbou em cima de uma mulher que estava indo para o trabalho. Não temos palavras para definir o que sentimos por esse ser. Repúdio? Nojo? 

Aproveitamos também para não entrevistar a frase: "Homem não consegue se controlar". Consegue sim. É só ter educação que se controla SIM. 

Como sabemos que Carol não é a única, aproveitamos esta semana para não entrevistar todos os homens que abusam de mulheres em transportes públicos. E aqueles que passam a mão na bunda no meio da rua. E aqueles que mostram o pinto. Qual de nós nunca passou por uma situação dessas, hein? Não queremos contato com esse tipo de pessoa. Apenas queremos que eles paguem pelos seus crimes. E que isso acabe. 

Claro, também não vamos entrevistar os funcionários do metrô, que, ao serem procurados pela jornalista na estação, pouco fizeram, apenas disseram que "ela devia ter gritado". Vamos não entrevistar: "a culpa é da mulher, ela que se vire".  Ou o "isso é normal, acontece". Ou o "não podemos fazer nada".

Após a repercussão do caso, o governador Geraldo Alckmin disse que havia orientado a Secretaria de Transportes a identificar o criminoso. Esperamos que funcione. E que isso não sirva só para esse caso. Mas para todos os outros.

Estamos juntas com Carol e com todas as moças que já passaram por abuso. Inclusive todas que trabalham nesta revista. #nãopassarão

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