por Fernando Luna
Tpm #120

Contra os novos clichês femininos e os velhos estereótipos, que cismam em se reinventar. Conheça o Manifesto Tpm

Se alguém acredita que vai encontrar numa revista, qualquer revista, a fórmula para:

1) ficar jovem para sempre, 
2) botar silicone sem risco, 
3) barriga zerada com aula de 8 minutos, 
4) ser linda, poderosa e feliz, aos 20, 30 e 40 anos, 
5) looks certeiros para ter sucesso no trabalho, 
6) pílulas que vão deixar cabelo, pele e corpo perfeitos, 
7) feitiço do tempo: tudo para adiar (e muito) sua plástica,
8) ler nas cartas como despertar sua força interior, 
9) ter qualquer homem, um superemprego, todo o tempo do mundo,
10) alcançar sucesso, dinheiro, glamour... e todos os homens a seus pés, 
11) fazer qualquer homem se comprometer, 
12) a plástica light, 
13) desvendar 100 dilemas amorosos,
14) superar a ex dele na cama, 
15) etc. etc. etc. 

Enfim, se alguém acredita mesmo que isso tudo seja possível ou ao menos razoável, não precisa de uma revista. Precisa de ajuda profissional. Urgente. Então por que, com uma ou outra exceção, se insiste nessa cantilena? Pois é, todos os desatinos acima, absolutamente todos, estamparam capas recentes de publicações femininas. Inclusive a “plástica light” – que certamente engorda menos que a “plástica regular” e talvez mais que a “plástica zero”.

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Olhando por outro ângulo: se uma empresa decidisse usar uma dessas frases para vender seu produto, o Procon entraria em ação. Propaganda enganosa. Essas promessas funcionam como uma versão cor-de-rosa daqueles anúncios antigos, em que médicos defendiam os benefícios do cigarro à saúde do fumante. 

Se você está aqui (ótimo, teria sido estranho falar sozinho até agora), é porque quer ficar longe dessa conversa de comadres. Prefere ser tratada como mulher, não como mulherzinha. E você não está sozinha. Só de Tpm são 49 mil exemplares impressos, mais 40 mil seguidores no Twitter, 18 mil no Facebook e 230 mil visitantes no site.

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Uma turma que se espanta quando lê “operação biquíni” na caixa de cereais (você só queria tomar seu café da manhã sossegada). Que quer autonomia para decidir o que fazer com o próprio corpo. Não se conforma em ganhar menos que o cara na mesma função. E ainda estranha tanta mulher meio pelada fazendo o papel de cenário em programas de TV. 

Daí o Manifesto Tpm, escrito a muitas mãos aqui na redação dirigida pela Carol Sganzerla, com participação especial de Paulo Lima, Ciça Pinheiro, Nina Lemos, Rafaela Ranzani, Ana Paula Wheba e Denise Gallo. 

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Contra os novos clichês femininos e os velhos estereótipos, que cismam em se reinventar desde o tempo de nossas avós (aliás, devidamente homenageadas nas fotos do manifesto). Contra qualquer tentativa de enquadrar a mulher em um padrão, cercar seu desejo e diminuir suas possibilidades. Essas ideias dão o tom a uma série de eventos, ações e reportagens pelas próximas edições – a primeira delas é “Toda mulher sonha em ter filhos. Hein?!?”.

Se liberdade é ser a mulher que você quer ser, diz aí: você é livre?

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