Para todos os amores errados

por Natacha Cortêz

A escritora e blogueira da Tpm Clarissa Corrêa lança coletânea de crônicas na Bienal do Livro

Se nao fossem os amores errados e os devaneios que eles causaram na cabeça da gaúcha Clarissa Corrêa, 32, talvez poucos de nós conheceríamos seus textos e nem ao menos um livro seu chegaria em nossas mãos. No entanto, foi por causa de um primeiro amor muito errado, fugitivo de suas vontades e contrariador de seus planos, que a gaúcha transformou dor em palavras, que encontraram leitores fiéis e um espaco só delas. 

Desde de 2005 Clarissa mantém um blog homônimo, e nele publica pequenas crônicas que falam de amor em todas suas manifestações. Especialmente da forma que causa borboletas no estômago e desconforto e nem sempre funciona como as histórias dos comerciais de margarina e geralmente nao seguem o "viveram felizes para sempre".  

Do blog, passando pelo texto lido por Pedro Bial em pleno discurso de final do Big Brother Brasil 11, ao time de blogueiras da Tpm, sao três livros lançados. O último, Para todos os amores errados, teve seu lançamento em abril e agora será apresentado na Bienal do Livro, no próximo sábado, dia 18.

Conversamos com a autora sobre o novo trabalho e suas receitas para escrever sobre amor. 

Quando e como a escrita entrou na sua vida? Sempre escreveu sobre amor?
Clarissa - Comecei a escrever bem nova. Lembro que escrevia longas cartinhas para meus pais e ficava ao lado deles, esperando alguma lágrima. Depois que cresci e comecei a fazer terapia (por causa da faculdade de Psicologia) eu finalmente entendi: gosto de causar emoção nas pessoas. Eu sempre escrevi sobre as relações humanas e acho que a base de tudo é o amor. Pela vida e pelas coisas.

O que te levou a começar a escrever sobre amor? O amor é um assunto que dá assunto. Ele nunca se esgota. Comecei a escrever sobre isso porque sempre tive uma paixão grande pela vida, pelas pessoas, por entender como funcionam os sentimentos e os pensamentos das pessoas.

O livro é uma reunião de pequenos textos. Eles já foram publicados antes? Qual o critério para a escolha deles? O Para todos os amores errados é um livro de crônicas. Crônicas que falam de amores que deram certo até onde tinham que dar. Alguns são bem antigos, foram publicados no meu blog em 2005, 2006. Mas a maior parte é inédito. A escolha foi bem simples: tinha que falar dos amores que não tiveram continuidade.

Os textos são como cartas para alguém. De onde vieram as inpirações para escrevê-los? Existe ficção neles ou tudo foi vivido? Em 2005, tive uma decepção absurda. Era loucamente apaixonada por um cara, fiz quinhentas loucuras por causa dele. Tem uma parte do livro que foi inspirada nisso. A outra parte foi inspirada nas coisas que vejo no dia a dia.

Por que falar de amores errados e não dos certos? Porque todo mundo quer viver o certo. Mas até encontrar a tal pessoa certa a gente se ilude muito com quem aparece pelo caminho.

Você deve receber muitos e-mails e mensagens de mulheres que se identificam com seus textos. Alguma vez usou outras histórias pra escrever? Recebo muitos e-mails pedindo conselhos. Acho engraçado, porque não sou uma guru ou terapeuta de casais. Nunca usei nenhuma história específica para escrever, não. Mas já usei temas, como por exemplo as mulheres que gostam de caras canalhas e vivem chorando as pitangas por causa disso.

Desde 2005 escreve sobre amor. Aprendeu muito escrevendo sobre o tema? O que mudou na sua forma de amar depois que passou a escrever sobre? Desde 2005 eu tenho um blog. Escrevo desde antes disso. Eu escrevia e engavetava. Até que um dia resolvi publicar pra ver o que acontecia. Me assustei, pois muita gente começou a ler. Não escrevo só sobre amor, escrevo sobre relacionamentos em geral, amizades, sonhos, anseios. Acho que amar se aprende amando. Eu mudei a forma de escrever depois que encontrei o amor da minha vida. Agora escrevo com mais segurança. Deve ser porque me sinto segura.

Você é uma autora que saiu dos blogs para os livros. Como é escrever para o público da internet e para leitores de livros? Sente diferença entre eles? Comecei com o blog em 2005. De lá pra cá muita coisa mudou, inclusive eu. Acho incrível que tem muita gente que me acompanha desde o início. Pessoas que nunca vi na vida, mas que estão sempre presentes com palavras de incentivo. Eu não vejo muita diferença, porque aquela pessoa que lê um texto no blog ou na coluna da Tpm é a mesma que vai lá na livraria e compra um livro meu, entende? Acho que as coisas andam juntas. 

Quais são suas referências e receitas pra falar de amor? Acredito que a vida é a melhor referência. Além disso, antes de embarcar com tudo no mundo das letras, fiz 3 anos de Direito e 4 de Psicologia. Quase fui psicóloga. Então, isso tudo me dá uma base boa. Leio bastante sobre as relações humanas, isso me interessa. Me fascina a forma como o ser humano age, pensa, se posiciona perante a vida e outras pessoas.

Vai lá: Lançamento na Bienal do livro: 18/08, sábado, às 14h
Onde: Pavilhão de exposições do Anhembi - Avenida Olavo Fountoura, 1209 - Santana - São Paulo
https://revistatrip.uol.com.br/blogs/confusoeseconfissoes

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