Aquarelas sob medida

Tpm

por Natacha Cortêz

Luda Lima, ilustradora, usa traços leves para retratar famílias e casais sob encomenda

Luda Lima, 27, os lápis e os pincéis se entendem já há um bom tempo. Na verdade, talvez eles tenham se encontrado antes mesmo da artista se notar gente. "Comecei a desenhar quando menininha mesmo. Queria contar historias da minha imaginação através dos desenhos. Já que eu não dominava a linguagem verbal e escrita - e acho que até hoje não, [risos], desenhava uns pôneis barrigudos, passarinhos cheios de penas coloridas, crianças voando", diz ela.

Guiada pelos sentimentos e em como eles podem ser representados no papel, a brasiliense entrega a seus personagens emoção traduzida em leveza e expressão corporal. O resultado são traços delicados, sorrisos mansos e figuras que envolvem-se em abraços emaranhados.
 
Quem sabe por isso, a crescente encomenda de aquarelas de casais que ela tem feito: "Começou em 2010, eu fazendo um convite de casamento para o Paulo e Renata. Gostaram tanto, que mesmo quem já tinha casado, começou a especular sobre encomenda de aquarelas. Eu acho que os casais, ou mesmo as famílias, gostam de se sentir representados de uma forma lúdica, de uma maneira que por fotos eles não se veriam. E a obra ficar lá, leve, pendurada na parede, para a posteridade, me dá muito estimulo de criar também".
 
Conversamos com Luda sobre seu processo criativo, referências, o mercado de ilustrações e novos planos.
 
Como funciona seu processo criativo?
Eu sempre tenho dificuldade de responder essa pergunta. Porque quando estou inspirada e me sentindo criativa, as ideias fluem livremente, não existem bem um processo. Existe sim o processo de executar a ilustração - desde o esboço de idéias, aprovação com o cliente, e finalização da obra por aquarela e nanquim. Quando não estou assim, criativa, eu fico olhando imagens dos meus favoritos no flickr, vejo livros infantis ilustrados que eu gosto (e coleciono) até brotar uma ideia. 
 
O que te inspira a desenhar?
Os sentimentos... Gosto de pensar em metáforas visuais para eles. As pessoas e suas emoções traduzidas em expressão corporal. E, de alguma forma, tentar deixar essas emoções mais leves. 

Quais artistas, entre as artes plásticas, você admira? E quais influenciam seu trabalho?
O trabalho d'Os Gemeos me toca muito. Acho muito generosa e consciente a arte deles. Dentre os clássicos, sou apaixonada por Klimt. Admiro muito mesmo alguns artistas menores, que eu conheço de Flickr. Tem a Lady Orlando, que acompanho o trabalho há um bom tempo. Esses acabam me influenciando. E outros artistas de outras areas também, como o Liniers, dos quadrinhos, e a Maira Kalman e o Wolf Erlbruch, que são ilustradores daqui de dentro, ó, do peito.
 
Quais as técnicas e materiais que você usa para desenhar?
Uso lápis grafite para desenhar os rascunhos e os contornos, aquarela para colorir e caneta nanquim para finalizar. 

Gostaria de saber mais sobre os desenhos encomendados por casais. Como funciona o processo e como você os cria?
O cliente me passa o que ele quer - tamanho da obra, complexidade (se é só com marido, filho, papagaio), todas as referências. A gente aprova o inicio da criação, que eu me baseio vendo fotos, e conhecendo um bocado da história do casal e do perfil deles. Faço alguns rascunhos e aprovamos para eu pintar a arte final. 

Quais são suas expectativas com o seu trabalho e o mercado de ilustrações aqui? Você ganha a vida com as aquarelas?
Sinto que cada vez mais há possibilidades para as ilustrações. Seja para o mercado editorial, de revistas e livros, para encomendas de aquarelas, estampar produtos, fazer topos para blogs, convites de casamentos, fazer animação... vira e mexe aparecem novidades. Estou começando a me estabilizar como ilustradora por agora. Há dois anos resolvi investir como freelancer integralmente. Antes ia trabalhando como designer contratada mesmo. 
 
Tem planos ou novidades para sua carreira e que pode nos adiantar?
Estou montando uma loja virtual no Facebook, pela Likestore. Ainda há poucos produtos, mas pretendo colocar mais. Até vender obras originais mesmo. E em Brasília - que é a minha terra - logo, logo, farei uma exposição individual.
 
 
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