Fila única: Amor coletivo

por Lia Bock

Não, não é suruba, é organização mesmo!

Não, não é suruba, é organização mesmo!

    Se todo mundo pensasse que nosso objetivo nos relacionamentos é tornar o outro uma pessoa melhor, não teríamos tantos problemas na matemática conjugal – leia-se por relacionamento qualquer coisa que envolva o coração, não importando se por poucas noites ou décadas a fio. Se cada uma de nós pensar que está preparando um ótimo marido para a próxima namorada do seu namorado, todos os homens seriam mais dóceis e, assim, estaríamos todas bem assistidas. Num dia elas, noutro nós. O mesmo vale para esposas. Imagina só, se as moças já viessem com a lição de casa feita e não tentassem (nunca mais) disputar a atenção com o Mesa-Redonda? E, quando digo melhorar o outro, quero dizer dar sem pedir nada em troca, apenas contando com a premissa lógica de que, em algum lugar, há outra pessoa fazendo o mesmo por você. Digamos que é um jeito coletivo de ver o amor.
    Se fosse assim haveria menos gente traumatizada circulando por aí. Bando de despreparados sofridos que somos... Vacilões para todos os gostos e tamanhos. No fundo, somos um bando de bípedes com medo de dar e de receber (não necessariamente nessa ordem). Se fôssemos uma sociedade emocionalmente organizada, conseguiríamos não só torrar menos o mundo consumindo por pura ansiedade, como chegaríamos com mais facilidade à tão desejada felicidade – que nada mais é do que o exato momento em que queremos o que temos e temos o que queremos. Ponto. Quem sabe assim, treinados por nós mesmos, conseguiríamos até ser mais estáveis e nos separar menos... Mas, não importa, em separando, a ideia seria sorrir e pensar: agora há alguém que foi treinadinho esperando por mim lá fora! Mas não... preferimos a mesquinhez do medo, a infantilidade do egoísmo e seguimos todos analfabetos emocionais, batendo de um lado a outro. Amando e sofrendo (não necessariamente nessa ordem).

Para seguir: @euliatulias

fechar